sexta-feira, 15 de junho de 2007

"O Negrinho do Pastoreio", recontada por Moacir Scliar


, critica de Runildo Pinto e Guilhermo Yuri M. Pinto

É manifesto que a história do Rio Grande do Sul não começou por um sentimento de legítima nacionalidade. Poucas pessoas empenharam-se em movimentar toda uma região para conquistar este grande estado, por puro interesse particular. O de obter terras e poder.

A lenda do Negrinho do Pastoreio mostra a mentalidade egoísta, escravista, truculenta e raivosa dos latifundiários, que plantaram uma visão grosseira de mundo, baseada na prepotência, sugerida pelo poder que tem o estancieiro, dono de grande extensão de terra. Considera-se o "Senhor do Universo", com direito à impunidade. Esta condição exacerbada, ainda hoje, dita o comportamento e a conduta moral dos gaúchos. Esta é a representação da mentalidade atrasada do Rio Grande do Sul!

No texto do escritor Scliar, vê-se que o estancieiro possuia terra que os cavalos perdiam-se no campo. Isto dificultava ainda mais a vida do Negrinho. Segundo o autor, o Negrinho perde a grande querência como o lar acolhedor e hospitaleiro dos gaúchos. Mas o Negrinho não perdeu nada! Este lar é seu desafeto, o que o Negrinho nunca teve.

Na frase: ".....o Negrinho do Pastoreio mora para sempre na grande e acolhedora querência que é a bela tradição do Rio Grande do Sul....", demostra a conivência do autor com a mentalidade bruta do latifundiário que baseia tudo na vida à imensidão da terras que possui. Uma visão de grandeza, que causa o atraso no desenvolvimento produtivo, que desqualifica a cultura, pois esta tem explicitar os interesses e modo de vida do fazendeiro e embrutecendo moralmente a população, além de causar exclusão social e submissão político-ideológica a esta oligarquia.

O que se conclui do texto é que a contradição o autor não teve a coragem de contar. Mostrou todas as causas do sofrimento do Negrinho, como se fosse tudo muito bonito. Acabou capitulando diante da tradição conservadora e reacionária da cultura riograndense, dando uma interpretação de reconhecimento definitivo de que esta é uma cultura autêntica da população gaúcha. O Sr. Scliar não cansa de enfatizar a cada parágrafo que tudo é grande, sendo laudatário à cultura do latifúndio. Portanto, o Negrinho nunca teve Querência e muito menos laços de afeição. E sua alma continua vagando no além....

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Francis Ford Coppola





, por Runildo Pinto


O jogo (13/06/07) entre o Clube Atlético Boca Juniors x Grêmio Futebol Porto Alegrense, a peleia primeira em Buenos Aires pela Copa Libertadores da América, no lendário coliseu, arena apertada e de nome peculiar - La Bombonera, onde o confronto se dá ao sabor do bafo da torcida do bairro "La Boca". E é mesmo assim, uma verdadeira epopéia. E isto motivou o imaginário de meus colegas.

Ao chegar no trabalho na manhã seguinte, fui abordado pelo meu colega Santos, que é colorado, obviamente adversário ferrenho dos gremistas. querendo vê-los no quinto dos infernos, ainda tem o nome do clube que o Grêmio derrotou nas semi-finais. Com tamanho comprometimento contou-me; que ao fazer o tradicional deboche ou "tocar a flauta" nos ouvidos dos colegas gremistas, comentou à outro colega:

- Nilson! Viste quem estava no estádio?

- Sim, o Francis Ford Coppola!

Nisto entra rasgando no lance dos dois colorados, o gremista Luiz... E, tirou a tristeza mais profunda e sofrida do coração de torcedor despeitado... E de supetão largou:

- Este tal de Coppola não joga um "ovo"!!!!!!!!

Imaginem! Para quem leva tão a sério o seu Clube, pagar um "mico" desses! Um dia inteiro de zombaria, fica uma mancha na alma do vivente para o resto dos seus dias.

Todos devem saber que o torcedor aguerrido, não só assiste, mas seca - é um secador do adversário. O Santos e o Nilson são mestres! E ainda fizeram um último comentário: - O Francis não deve jogar nada, nem ovo, mesmo. Ele é bom fazendo filmes! 
O Boca Juniors, nesse jogo, fez uma obra digna de um Coppola, com direito a uma demonstração do extraordinário talento de Juan Roman Riquelme, num cenário fascinante proporcionado pela inquietante e apaixonada torcida, em azul e amarelo.

OBS.: O espaço temporal do presente é viver no vício, uma época de lapso coletivo, sem perspectiva seja de futuro ou do passado. O Futebol é uma destas paixões desmedidas que permeia tanto o ambiente de trabalho e nas ruas. O dia começa-e-termina, esvaindo o inconsciente como durante o sono, um sono eterno. Quando amanhece segue o baile: bandeiras, gente uniformizada, já na véspera, risonhas, eufóricas e nervosas, prontas a explodir. Nessa euforia desenfreada espera-se acontecimentos excepcionais, mas sem alcance cultural. É o que resta para o Brasileiro!!!!

LIBERDADE DE IMPRENSA


, por Runildo Pinto

O Príncipe Eletrônico
, que simultaneamente subordina, recria e absorve ou simplesmente ultrapassa os outros. (Octavio Ianni)

A mídia no Brasil contorce o corpo, num delírio violento provocado cada vez que se questiona os limites, da liberdade de imprensa. Num país onde seis ou sete famílias tem o monopólio dos meios comunicação, não é de se espantar quando o Sr. José Sarney levanta sua voz, no Senado Federal, para condenar o fechamento da RCTV, na Venezuela. O Sr. Sarney em seu discurso, veio evocar à consciência das elites que o poder do príncipe midiático estava sendo ameaçado, nada mais fez do que defender os interesses do monopólio dos meios de comunicação, do qual é um dos proprietários. Em nome da democracia! Cabe lembrar que a liberdade é irmã siamesa da responsabilidade. Não dá para aceitarmos a postura inconseqüente de que na democracia tudo é permissível. Isto Somente é concebível numa sociedade que usa o verniz democrático para encobrir interesses poderosos.
A sofisticação das tecnologias eletrônicas são capazes de serem utilizadas na construção de hegemonias, projetando assim a venda de cidadãos aos anunciantes, ao sabor dos interesses políticos-ideólógicos das grandes corporações, com poder de destituir a soberania de qualquer Estado.
E ai, pergunto: Como fica a população? Onde está a democracia? Democracia é a filha do Sr. Sarney?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O que é Software Livre ?




Histórico


pinguin-ensinando.png

O que é um software? Como surgiu o Software Livre? O que o diferencia do software proprietário? Como o Software Livre evoluiu até os dias de hoje? Por que os movimento pela disseminação do Software Livre crescem tanto em nosso país? Por que encontramos nele a solução para tantos problemas?

Este breve histórico não pretente responder a todas essas perguntas em tão pouco espaço. Esforça-se, contudo, em ser o pontapé inicial que dará impulso aos novos navegantes de um universo ainda pouco difundido, criado sobre uma perspectiva que preza pela colaboração e pela liberdade da informação. Sejam bem-vindos!

O Software

Software é o nome dado a qualquer programa de computador.

Ao contrário do hardware (monitores, impressoras, mouses, placas, memórias etc) o software não é algo físico e por isso não sofre desgaste ao longo do tempo.

Um software é, portanto, uma estrutura lógica, um programa que realiza funções dentro de um sistema computacional. E é, geralmente, desenvolvido por programadores que utilizam linguagens de programação para construí-lo. Softwares correspondem aos sistemas operacionais (Windows, Linux, Mac OS etc), drivers que controlam o comportamento de alguns hardwares (driver de modem, de impressora, de placa de vídeo etc) e todos os aplicativos utilizados pelos usuários finais, como editores de texto (Winword, Notepad, Gedit, OpenOffice.org Writer), planilhas eletrônicas (Excel, OpenOffice.org Impress, Gnumeric), navegadores internet (Mozilla, Internet Explorer, Opera), processadores de imagem (Gimp, Paint, CorelDraw, Adobe PhotoPaint), dentre outros.

O software, por não ser físico e sim lógico, pode ser duplicado e armazenado em disquetes, cds, discos rídigos (HD). Sua cópia pode ser transportada de um computador para o outro, desde que estejam conectados em rede.

Como surgiu o Software Livre?

Para entendermos o surgimento do Software Livre, é válido compreendermos, primeiro, o que é o software proprietário e o papel das grandes empresas de software na monopolização do conhecimento.

Como mencionado, um software é uma estrutura lógica desenvolvida por programadores. Essa estrutura lógica, isto é, os tijolos que compõem um software, correspondem aos bits: 0's e 1's. Porém, um programador não pode desenvolver um programa utilizando-se de 0's e 1's, que é uma linguagem somente compreensível pela máquina --- e não por seres humanos. Para tanto, os programadores utilizam linguagens de programação que possuem palavras chaves e estruturas que permitem enxergar um programa como uma receita de bolo, isto é, um conjunto ordenado de instruções, denominado código-fonte. Por exemplo:

  1. Programa pede que o usuário digite sua idade e tecle Enter
  2. Programa recebe a informação (idade)
  3. Se idade for maior ou igual a 18 mostra mensagem na tela: "Você já é um adulto!"
  4. Se idade for menor que 18 mostra mensagem na tela: "Você ainda é um adolescente"

O código-fonte seria a representação desses passos em uma linguagem de programação (C, C++, Perl, Pyhton, Pascal etc). Esse código-fonte, ao ser processado por um outro programa, denominado compilador, transforma-se em 0's e 1's para que possa ser entendido pela máquina. Quem quiser modificar o programa precisa ter o código-fonte, já que 0's e 1's não são compreendidos pelo homem.

Antigamente, os programadores compartilhavam seus códigos-fontes uns com os outros e, assim, todos podiam modificar o programa e também partilhavam as mudanças. Este hábito era bastante difundido nas grandes universidades estadunidenses das décadas de 60 e 70 e sempre foi bastante condizente com o espírito acadêmico, cujos princípios de liberdade e cooperação se assemelham aos da cultura hacker.

O Software Proprietário

Quando o computador se mostrou viável como produto de distribuição massiva, as coisas começaram a mudar de rumo. As pesquisas em desenvolvimento de novas soluções cresceram, e muitas empresas adotaram como estratégia comercial a não-divulgação dos códigos-fonte dos programas.

As empresas vendiam seus softwares, mas não disponibilizavam seus códigos-fonte. O usuário só recebia o programa na linguagem de máquina (0's e1's), o que tornava possível a sua utilização, mas não mais possibilitava o estudo e a modificação. Isso era estrategicamente interessante para as empresas: com o conhecimento sobre o software restrito a elas, cresciam as barreiras à entrada de novas empresas, menores, no mercado.

Diversos artifícios foram utilizados para manter restrito o conhecimento nos softwares: os programadores dessas empresas assinavam termos de compromisso de não divulgação dos segredos da programação; e os softwares vendidos possuíam licenças que inpunham diversas restrições: além de impossibilitados de modificar o programa, não poderiam fazer cópias dos programas que eles adquiriam, e muito menos distribuir essas cópias. Alguns programas também só poderiam ser utilizados para fins específicos. Resumindo, o cliente não tinha controle sobre o software executado em seu equipamento. Ele podia somente comprar uma licença de uso, que permitia o uso daquele programa em apenas um computador.

Como estratégia para garantia dessas vantagens advindas da restrição do uso do conhecimento humano, a indústria de software proprietário associou o ato de compartilhar programas de computador ao de abordar navios, matar seus tripulantes e saquear a sua carga: a cópia não autorizada de software proprietário foi denominada de pirataria.

É importante ressaltar que o software distribuído pelas empresas contém, embutido, o conhecimento de milhares de programadores brilhantes, que por sua vez se valeram do conhecimento de várias pessoas que vieram antes deles, que desenvolveram teorias e conhecimento deixados para a humanidade. Estas empresas agora se apropriam de todo esse conhecimento acumulado, que poderia ser compartilhado com outras pessoas.

A Reação: Uma Licença para a Liberdade

Tudo permaneceu assim até que um grupo de hackers programadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets, nos EUA) perceberam que podiam fazer a diferença.

Os hackers, diferentemente de como são conhecidos e tratados pela mídia, são pessoas com princípios éticos, defensores da cooperação e da disseminação do conhecimento através da liberdade da informação. São caracterizados como pessoas de elevado conhecimento técnico, que amam o que fazem, e que sentem prazer em compartilhar seu saber com os outros. Os hackers, ao contrário dos crackers e dos defacers, não são criminosos digitais e possuem uma estrutura hierárquica implícita baseada na cultura da dádiva (Gift Culture), e definida apenas pelo mérito. Quanto mais contribuições um hacker oferece para a sua comunidade, mais status ele possui dentro dela. Os hackers também são chamados de geeks.

Essa reação começou pequena, com poucos colaboradores. Um dos programadores do MIT, Richard Stallman, enfurecido pela comercialização do conhecimento, fundou o Projeto GNU visando criar uma plataforma de software totalmente livre. Ou seja, no GNU qualquer pessoa poderia:
GNUVA.png

  1. Utilizar o software para qualquer fim
  2. Estudar o código do software
  3. Modificar o código do software
  4. Redistribuir cópias do software

Esses quatro direitos ficaram conhecidos como as quatro liberdades do Software Livre. Baseado nelas, o Projeto GNU redigiu uma nova licença de uso chamada GNU GPL (GNU General Public Licence). Dessa forma, todo software distribuído com tal licença estava "livre". De acordo com a GNU GPL, a única condição para que alguém pudesse usufruir desses direitos era que passasse para as outras pessoas os mesmos direitos dos quais usufruiu. Vale lembrar que esta licença não proíbe a venda do Software Livre, somente garante que conterá as quatro liberdades mencionadas e que estas nunca poderão ser retiradas do software. Dessa forma, o software já nasce livre e permanecerá livre.

O projeto GNU também foi o responsável pelo desenvolvimento de inúmeros softwares livres. Para cada software proprietário existente, os desenvolvedores buscavam construir um outro similar, livre. Um dos softwares mais essenciais foi proposto pelo finlandês Linus Torvalds, que por conta própria desenvolveu o núcleo (kernel) de um sistema operacional, batizado de Linux. O Linux e os softwares desenvolvidos pelo Projeto GNU formaram o primeiro sistema computacional livre, o GNU/Linux, que atualmente é a principal alternativa ao Microsoft Windows.

Como o Software Livre não é mantido por uma entidade única, não pode ser comprado pela Microsoft ou por qualquer outra empresa. O Software Livre também não vai à falência, já que a única premissa para sua existência é a de que existam pessoas com necessidades e com disposição de compartilhar seus códigos-fonte. O número de indivíduos que participam dessa iniciativa e o número de empresas que têm apostado suas fichas nessas idéias indicam que o software livre está em crescimento acelerado.

A GNU GPL não é a única licença de Software Livre. Existem muitas outras, e basta que elas garantam as quatro liberdades para que o software seja livre. Algumas licenças são menos restritivas que a GPL, não impondo, por exemplo, que trabalhos derivados devam ser distribuídos pelos mesmos termos. A escolha da licença depende de que características o desenvolvedor deseja atribuir à sua obra.

Conceito de Software Livre

Software Livre é Uma Questão de Liberdade, Não de Preço.

O termo Software Livre se refere à liberdade que o usuário tem de executar, distribuir, modificar e repassar as alterações sem, para isso, ter que pedir permissão ao autor do programa.

Pode ser definido mais claramente pelas quatro liberdades defendidas pela Free Software Foundation para os usuários de software:

  • A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;

  • A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;

  • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa beneficiar o próximo;

  • A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

Um programa será considerado livre se todos os seus usuários tiverem essas quatro liberdades.

Notem que os quatro itens acima não fazem nenhuma referência a custos ou preços. O fato de se cobrar ou não pela distribuição ou de a licença de uso do software ser ou ser não gratuita não implica diretamente o software ser livre ou não.

Nada impede que uma cópia adquirida por alguém seja revendida, tenha sido modificada ou não por esta pessoa.

Nada impede, também, que as alterações feitas num software para uso próprio sejam mantidas em segredo. Ninguém é obrigado a liberar suas modificações, se não quiser. Porém, se escolher fazê-lo, é obrigado a distribuir de maneira livre. Essa é uma observação importante a se fazer, porque muitas pessoas (especialmente corporações) têm receio de usar software livre porque temem que seus "concorrentes" tenham acesso a informações e métodos de trabalho privados. As personalizações não têm que ser distribuídas. A restrição é que, se elas forem distribuídas de alguma maneira, têm que manter as quatro liberdades descritas acima.

A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica, utilizar o software em qualquer tipo de sistema computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial. A liberdade de redistribuir deve incluir a possibilidade de se repassar tanto os códigos-fontes quanto os arquivos binários gerados da compilação desses códigos, quando isso é possível, seja o programa original ou uma versão modificada. Não se pode exigir autorização do autor ou do distribuidor do software para que ele possa ser redistribuído.

Para que seja possível modificar o software (para uso particular ou para distribuir), é necessário ter o código-fonte. Por isso, o acesso aos fontes é pré-requisito para esta liberdade. Caso ele não seja distribuído junto com os executáveis, deve ser disponibilizado em local de onde possa ser copiado, ou deve ser entregue ao usuário, se solicitado.

Para que essas liberdades sejam reais, elas têm que ser irrevogáveis. Caso o desenvolvedor do software tenha o poder de revogar a licença, o software não é livre.

Diferenças entre Software Livre e Proprietário

"No software proprietário, o programador abdica da liberdade de controlar sua obra, em troca de salário e compromisso de sigilo. O distribuidor, fantasiado de 'fabricante', torna-se proprietário de tudo. Desde o código fonte, tido como segredo de negócio, até as cópias executáveis, licenciadas ao usuário sob custódia e regime draconiano. Enquanto no software livre o programador abdica de um dos canais de receita pelo seu trabalho, em troca da preservação do controle dos termos de uso da sua obra. Em contrapartida, se a obra tiver qualidades, agregará eficiência aos empreendimentos em torno dela. Seu valor semiológico, conversível em receita com serviços, será proporcional à magnitude do esforço colaborativo onde se insere. O código fonte é livre sob licença que preserva esta liberdade, enquanto a cópia executável é tida como propriedade do usuário. (...) Só tem a perder com ele (Software Livre) quem consegue galgar posições monopolistas no modelo proprietário. O problema é que a ganância faz muitos acreditarem que serão os eleitos pelo deus mercado, enquanto seguem correndo atrás da cenoura amarrada na ponta da vara que pende das suas carroças digitais, não se importando com os efeitos colaterais de se tratar conhecimento como bem escasso, ao considerarem software como mercadoria." - Texto de Pedro Antonio Dourado de Rezende publicado no Observatório da Imprensa


Por Que Usar Software Livre?


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Para uma melhor compreensão dos motivos que cercam os usuários de Software Livre, vale lembrar a forma como ele surgiu e o que representa para a sociedade no contexto atual. O Software Livre surgiu baseado no conceito de liberdade, no qual as pessoas têm o direito garantido às quatro liberdades já mencionadas. Na visão filosófica do Software Livre, a liberdade não é um direito individual, mas um direito coletivo e por isso deve ser mantido e passado de pessoa para pessoa. Além disso, a premissa de qualquer projeto de Software Livre é a colaboração entre as pessoas interessadas, sem concentração de poder ou qualquer outro artifício que venha a ferir as liberdades já mencionadas.

Tendo em vista esse cenário, podemos facilmente citar algumas das razões para se utilizar Software Livre:

  • Poder utilizar o software para qualquer finalidade;

  • Ter acesso ao código fonte e poder modificá-lo, sem quaisquer restrições;

  • Poder copiá-lo e executá-lo em quantas máquinas desejar;

  • Poder distribuí-lo, sem violar, é claro, essas liberdades a que todos têm direito;

  • Ter o seu computador equipado com software de qualidade a um custo baixo ou nulo;

  • Não ficar preso às restrições impostas pelas licenças de softwares proprietários;

  • Não ficar dependente de novas versões com preços abusivos que eventualmente apresentam incompatibilidades com versões antigas;

  • Não ficar dependente de um fornecedor;

  • Ficar livre da pirataria;

  • Incentivar o desenvolvimento de tecnologia local;

  • Interagir e compartilhar soluções com sua comunidade, seja física ou virtual;

  • Lutar contra o monopólio de grandes corporações que tentam se apropriar do conhecimento intelectual coletivo para benefício próprio.

Veja também:

Cultura Wiki


Viver a cultura wiki significa colaborar, somar, ajudar, "linkar" e mais algum infinitivo do gênero. Você deve estar pronto a trabalhar em cima de algo pré existente, assumindo que alguém vai modificar o que você está fazendo e isso significa crescimento, desenvolvimento. Um tópico wiki bem feito (que normalmente pode ser visto como uma página web) deve ter uma boa soma de 'links'. Não tenha medo, é válido. Todo conteúdo - que pode ser desenvolvido a partir do conteúdo que está sendo gerado - pode ser um novo tópico linkado e criado a partir deste e todo conteúdo pre existente relacionado a este também, seja lá onde estiver. E isso tudo deve acontecer tentando-se ignorar a hierarquia entre os usuários. Assim a cultura wiki desenvolve o conhecimento hipertextual, a ciber-democracia e a "linkania".

Em um ambiente wiki não existem "chefes", apesar de ser normal o desenvolvimento natural de lideranças (a não ser nos casos em que se reflete o funcionamento da instituição em que o wiki é usado). Não existem intermediários como o 'webmaster' com síndrome de Don Corleone, citado em WhyWikiWorks. Na cultura wiki, líderes devem ser discretos para permitir a evolução natural do conteúdo. Confie, sempre evolui.

Colaborar pela forma Wiki é diferente de colaborar por outras ferramentas como Usenet, Blogs, PHP-Nuke ou similares. A cultura Wiki distingue-se destas ferramentas (principalmente) nos pontos:

  • Wiki não é WYSIWYG. Apesar de não exigir grande conhecimento técnico, ele é um teste de inteligência e sorte para encontar individuos aptos e comprometidos a colaborar com uma página wiki. Wiki não é ciência aero-espacial, mas não se parece com "assistir tv". Se não atrai pessoas sem interesse, então essas não participam, deixando para quem lê e escreve o desenvolvimento do discurso racional. Apesar disso existem idéias para dar a funcionalidade WYSIWYG para ambientes onde é interessante a colaboração de pessoas sem capacitação técnica.

  • Wiki está distante do tempo real. As pessoas têm tempo para pensar, com freqüência dias ou semanas, antes de criarem uma página wiki. Assim, o que as pessoas escrevem é gradualmente levado em consideração.

  • Toda e qualquer informação pode ser apagada por qualquer um. Páginas Wiki não representam nada mais do que discussão e consenso porque é muito mais fácil apagar 'flames', 'spams', e trivia do que satisfazê-los. O que permanece é naturalmente significante.

  • Qualquer um pode jogar.

Então, todos podem editar uma página? Isto não leva ao caos?

Isso pode soar arriscado ou comprometedor para o conteúdo, mas na prática não é. Certamente um wiki é atingido por "mensagens sujas" tanto quanto qualquer outro site, mas para causar algum tipo de impacto no wiki você precisa estar apto a gerar conteúdo. Deste modo, qualquer um pode jogar, mas somente os bons jogadores tem vontade de continuar jogando. Essa abertura é praticada desde o início do wiki original e por várias instâncias de clones wiki.

Fonte: Curso Completo de TWiki do PSL-Ba

Veja também outras páginas WEB fundamentadas na Cultura Wiki:

terça-feira, 12 de junho de 2007

Redes de economia solidária e sustentabilidade

,por Euclides André Mance/Janeiro 2002

FSM e a Revolução das Redes

Os fóruns sociais mundiais comprovam que está em processo de germinação uma revolução planetária: Uma Revolução das Redes Solidárias.

De fato, a colaboração solidária entre milhares de redes e organizações solidárias que vem se multiplicando nos campos da economia, política e cultura, com o objetivo de assegurar as liberdades públicas e pessoais, pode converter-se em uma alternativa pós-capitalista à globalização atual, fazendo surgir uma nova esfera de contrato social, o setor público não-estatal.

Os FSM nos mostram que os segmentos populares da sociedade civil planetária, compostos por segmentos oprimidos, explorados, expropriados, dominados e excluídos, bem como por todos/as aqueles/as que lhes são solidários, passaram a se organizar internacionalmente tanto na resistência às diversas formas de opressão quanto na proposição e realização de alternativas. Essas alternativas podem superar a lógica capitalista de concentração de riquezas e exclusão social, de destruição dos ecossistemas e de exploração dos seres humanos, afirmando a construção de novas relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Organizadas em redes de colaboração solidária, elas têm o potencial de dar origem a uma nova civilização, multicultural, que deseja a liberdade de cada pessoa em sua valiosa diferença. A integração solidária dessas redes coloca no horizonte de nossas possibilidades concretas a realização planetária de uma nova revolução, capaz de subverter a lógica capitalista de concentração de riquezas e de exclusão social e diversas formas de dominação nos campos da política, da economia e da cultura.

No campo da economia solidária, desdobram-se múltiplos processos em paralelo, não havendo um ponto de partida, um comando centralizado, desde o qual tenham-se desencadeado todas as diversas práticas de comércio justo, sistemas de intercâmbio local, autogestão, finança ética, consumo solidário, etc. Igualmente não há um centro gerador que tenha feito emergir as diversas redes que vêm colaborando entre si desde os enfrentamentos de Seattle e recentemente nos Fóruns Sociais Mundiais. O avanço dessas práticas descentralizadas e distribuídas, exige uma integração cada vez complexa do conjunto dessas redes.

Economia Solidária - Diversidade de Práticas e Seu alcance Global.

A noção de economia solidária abarca diversas práticas e não há um pensamento único sobre o seu significado. Ela está associada a ações de consumo, comercialização, produção e serviços em que se defende, em graus variados, entre outros aspectos, a participação coletiva, autogestão, democracia, igualitarismo, cooperação e intercooperação, auto-sustentação, a promoção do desenvolvimento humano, responsabilidade social e a preservação do equilíbrio dos ecossistemas.

O grande avanço nos anos 90 das práticas de economia solidária deveu-se à colaboração em rede entre as organizações. E este é o caminho que devemos seguir para continuar crescendo, para consolidar uma alternativa hegemônica ao capitalismo. Entre estas práticas inclui-se: a Autogestão de Empresas pelos Trabalhadores, Fair Trade ou Comércio Équo e Solidário, Organizações de Marca e Credenciamento, Agricultura Ecológica, Consumo Crítico, Consumo Solidário, Sistemas Locais de Emprego e Comércio (LETS), Sistemas Locais de Troca (SEL), Sistemas Comunitários de Intercâmbio (SEC), Redes de Trocas, Economia de Comunhão, Sistemas de Micro-Crédito e de Crédito Recíproco, Bancos do Povo, Bancos Éticos, Grupos de Compras Solidárias, Movimentos de Boicote, Sistemas Locais de Moedas Sociais, Cooperativismo e Associativismo Popular, difusão de Softwares Livres, entre muitas outras práticas de economia solidária. Diversas redes nacionais e continentais se organizaram. O crescimento mundial dessas redes, indica a ampliação de novos campos de possibilidade para ações solidárias estrategicamente articuladas.

Em razão disso, no FSM de Porto Alegre em 2001, foi lançada a Rede Global de Socioeconomia Solidária, afirmando: "a) que nas iniciativas que formem parte da rede, não exista nenhum tipo de exploração; b) que se busque preservar o equilíbrio ecológico dos ecossistemas... c) que estejam dispostas a compartilhar significativas parcelas de seus excedentes para a expansão da Rede, favorecendo a viabilidade de novas iniciativas econômicas, reconstruindo de forma solidária e ecológica as cadeias produtivas, gerando postos de trabalho e distribuindo a renda, com o objetivo de garantir as condições econômicas para o exercício das liberdades públicas e individuais com base em uma ética solidária". Há poucos meses atrás, no II Encontro Internacional Sobre Globalização Solidária, em Quebec, foi organizado o Comitê de Enlaces, também visando contribuir na articulação das organizações de economia solidária em todo o mundo, estabelecendo como prioridades, entre outras, "o apoio à construção de redes de empresas e de redes de economia soldial e solidária; o mapemaneto de redes e o apoio às redes nacionais". No presente FSM está sendo lançada a Rede Social Mundial, com um portal-web em seis idiomas que facilitará a realização de parceiras entre empreendimentos solidários, transferências tecnológicas, comércio eletrônico e a remontagem solidária de cadeias produtivas, entre muitos outros serviços consolidando internacionalmente a expansão das redes de economias solidária.

Nesta estratégia de colaboração solidária em rede, a difusão do consumo e do trabalho solidários possibilita subverter os fluxos de valor do capitalismo e promover a distribuição de riquezas e o bem viver do conjunto das sociedades.

O consumo solidário significa selecionar os bens de consumo ou serviços que atendam nossas necessidades e desejos visando tanto realizar o nosso livre bem viver pessoal, quanto promover o bem viver de trabalhadores e trabalhadoras que elaboram aquele produto ou serviço, como também visando manter o equilíbrio dos ecossistemas.

De fato, quando consumimos um produto em cuja elaboração seres humanos foram explorados e o ecossistema prejudicado, nós próprios somos co-responsáveis pela exploração daquelas pessoas e pelo dano provocado ao equilíbrio ecológico, pois com nosso ato de compra contribuímos para que os responsáveis por essa opressão possam converter as mercadorias em capital a ser reinvestido do mesmo modo, reproduzindo as mesmas práticas injustas socialmente e danosas ecologicamente.

O ato de consumo, portanto, não é apenas econômico, mas é também ético e político. Trata-se de um exercício de poder pelo qual efetivamente podemos apoiar a exploração de seres humanos, a destruição progressiva do planeta, a concentração de riquezas e a exclusão social ou contrapor-nos a esse modo lesivo de produção, promovendo, pela prática do consumo solidário, a ampliação das liberdades públicas e privadas, a desconcentração da riqueza e o desenvolvimento ecológica e socialmente sustentável.

Ao selecionar e consumir produtos das redes solidárias nós contribuímos para que o processo produtivo solidário se fortaleça, pois os valores que gastamos em tal consumo irão realimentar a produção solidária em função do bem viver de todos que integram as redes de produtores e consumidores.

O potencial de consumo das organizações e populações solidárias em todo o mundo é gigantesco. Não basta criticar o capitalismo com belos discursos políticos, se continuamos realimentá-lo com a prática de nosso consumo. Sempre que possível, devemos praticar o consumo solidário e ecológico.

Por sua vez, o trabalho solidário significa, além da autogestão e corresponsabilidade social, que o excedente do processo produtivo seja reinvestido solidariamente no financiamento de outros empreendimentos produtivos. Isto permite: a) integrar às atividades de trabalho e consumo as pessoas que estão sendo excluídas pelo capital, b) ampliar a oferta de bens e serviços solidários, c) expandir as redes de produtores e consumidores, d) melhorar as condições de vida de todos que aderem à produção e ao consumo solidários.

Assim, com os excedentes gerados nos empreendimentos solidários organizam-se novos empreendimentos produtivos criando-se oportunidade de trabalho para desempregados, propiciando-lhes um rendimento estável que se converte, graças ao consumo solidário praticado por esses mesmos trabalhadores, em aumento de consumo final de produtos da própria rede, gerando-se assim mais excedentes a serem investidos.

Os novos empreendimentos visam produzir aquilo que ainda é adquirido no mercado capitalista, sejam bens e serviços para consumo final ou insumos, bens de produção, materiais de manutenção e outros itens demandados no processo produtivo. Esse expediente - acompanhado de uma crítica dos padrões capitalistas, ecologicamente insustentáveis de produção e consumo - visa corrigir os fluxos de valor, a fim de que o consumo final e o consumo produtivo não deságüem na acumulação privada fora das redes, mas possam nelas realimentar a produção e o consumo solidários, completando os segmentos das cadeias produtivas sobre os quais as redes ainda não tenham autonomia.

Nesta estratégia de rede, sob o Paradigma da Abundância, quanto mais se distribui a riqueza, mais a riqueza de todos aumenta, uma vez que tal distribuição se faz remunerando o trabalho que gera ainda mais riqueza a ser reinvestida e repartida. Desse modo, as populações que estavam anteriormente excluídas, ao serem incorporadas ao processo produtivo e ao receberem uma justa remuneração pelo seu trabalho, podem consumir produtos e serviços solidários que garantam o seu bem viver, realimentando o próprio processo produtivo sob parâmetros ecologicamente sustentáveis. Acordos coletivos no interior das redes permitem ajustar estruturas de custos e de preços sob parâmetros que viabilizem a sua auto-sustentação, como uma alternativa à lógica da escassez que regula os preços nos mercados.

Assim, busca-se integrar consumo, comercialização, produção e crédito em um sistema harmonioso e interdependente, coletivamente e democraticamente planejado e gerido, que serve ao objetivo comum de responder às necessidades da reprodução sustentável do bem viver das pessoas em todas as suas dimensões, inclusive, nos âmbitos da cultura, arte e lazer. É a conexão em rede do consumo e produção em laços de realimentação, com distribuição de renda, o que viabiliza economicamente a consistência e expansão dessa alternativa à globalização capitalista.

Alguns Desafios e Ações Imediatas

A globalização solidária da economia não é um projeto futuro, mas algo que já está em curso e que devemos promover das mais diversas formas, respeitando as diversidades de culturas, formas organizativas dos diversos atores, fortalecendo a participação democrática e o autogoverno dos setores solidários da sociedade civil nos diversos países. Trata-se de promover conexões permanentes entre as organizações, fluxos materiais (compras e vendas), fluxos de informação (divulgação de produtos e serviços, transferências de tecnologia, etc) e fluxos de valores, uma vez que redes econômicas se constróem principalmente por fluxos econômicos.

Para tanto é necessário avançar em formas organizativas que facilitem a colaboração entre as organizações diversas que queiram se entreapoiar, fortalecendo as mais distintas práticas de economia solidária integrando redes locais, regionais, nacionais e internacionais. Construindo redes de redes, redes de colaboração solidária ou a colaboração solidária entre redes, chegamos necessariamente a uma redes globais, atuando de maneira antagônica ao capitalismo, implantando e desenvolvendo um novo modo de produção, distribuição e consumo. Nesta trajetória alguns desafios devem ser enfrentados, entre os quais: a difusão do consumo solidário, a logística de distribuição e comercialização, a organização de fundos de desenvolvimento solidário, o mapeamento de empreendimentos, estabelecimento de conexões entre eles, a diversificação e qualificação dos produtos e serviços, a capacitação técnica de trabalhadores/as e empreendimentos, a formação política e cultural voltada para a autogestão e solidariedade, a estruturação e o fortalecimento de redes nacionais e internacionais a partir da organização local.

Por fim, sob o aspecto político, é preciso pressionar os Estados, e propor legislações e políticas públicas favoráveis à expansão e consolidação da economia solidária. É importante que os partidos de esquerda atualizem suas agendas incluindo em suas pautas uma reflexão sobre a economia solidária não apenas para a proposição de políticas públicas e elaboração de novas leis, como também para uma atualização das estratégias de transformação estrutural das relações de produção, considerando a emergência - a olhos vistos - de uma classe social em que os trabalhadores são donos dos meios de produção, e que somente cresce enquanto classe na medida em que solidariamente se entreapoiam enfrentando as corporações capitalistas e consolidando práticas solidárias de autogestão e intercooperação.

Maiores informações sobre estratégias de colaboração em rede podem ser obtidas em www.redesolidaria.com.br.

Ações Imediatas

No contexto mais imediato indicamos, entre muitas outras prioridades aqui não elencadas, algumas ações econômicas importantes que podem concentrar nossa colaboração:


Redes de economia solidária e sustentabilidade
Exposição realizada no II Fórum Social Mundial
Porto Alegre, fevereiro de 2002
www.milenio.com.br/mance/fsm3.htm

Quando os reacionários, saem em marcha para fazer o contra ponto, isto é bom: é luta de classes.

, por Runildo Pinto

Na USP resurge o movimento estudantil. Fecha-se um ciclo, abre-se um outro: o da resistência. O movimento estudantil, adormecido em diretórios acadêmicos que transformados, ao longo dos anos noventa em salas de jogos, hoje, resgatam o senso-crítico e uma outra cultura - a um ser técnico. Um tecnocrata reprodutor do ideal do mercado embrutece e transfere sentimentos e emoções, sensibilidades humanas, às mercadorais. A tomada de consciência, faz com que o estudante assuma seu papel de sujeito na universidade em sua abrangência esclarecedora, na perspectiva de uma universidade, na qual os seres estudiosos e providos pela dinâmica do pensamento, da ciência e do senso crítico, voltam-se para a humanização da sociedade. Os interesses coletivos são enfatizados e não a iniciativa privada, a qual banaliza o cientista reduzindo-o a uma ferramenta de geração de lucros, destituindo-o de vitalidade humana, de cultura, de sensibilidade e de alteridade.
Os rumos de uma escola passam pela gestão coletiva, de interesses solidários e da população, que deve colher seus frutos, caso contrário os produtos serão dos que tenham poder aquisitivo, restringindo a uma patente proprietária, sem abrangência social e submissa ao poder do dinheiro.
O Governador Serra aprendeu como ninguém a utilizar a fachada da democracia para contemplar as política neoliberais e desestruturantes da sociedade e do estado em favor ddas oligarquias e dos monopólios das corporações empresariais. Na qual saúde, amor, sexo, educação e moradia são dispostas como mercadorias. Esta é a ditadura burguesa, onde o estado mínimo e os meios de comunicações criam as condições objetivas para vender ilusões de shopping centers a uma sociedade gangrenada pela esperteza implicitamente ativa no âmago de todas as classes sociais. Não admirem-se da violência, do egoísmo exacerbados pelos neoliberais, utilizando a revolução tecnológica para dividir a mão-de-obra da classe trabalhadora, aumentando, assim, os seus lucros. A evolução da tecnologia deve beneficiar a toda uma sociedade e não apenas uma classe minoritária da sociedade. Mas esta é uma outra história a ser construida sob bases emancipatórias que os estudantes terão que elaborar junto com os trabalhadores do campo e da cidade.
Todo apoio aos estudantes e funcionários da USP e boa luta!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Brasil: Aprofunda-se o processo de regressão

por Marco Antonio V. dos Santos [*]

"'Estamos nos transformando na grande roça do mundo',...
César Borges de Souza, vice-presidente da Caramuru Alimentos,
a maior empresa de processamento de grãos de capital nacional." [1]

Afirmamos em nosso documento " Regressão a uma Situação Colonial de Novo Tipo " [2] que a reconfiguração da formação econômico-social brasileira responde a sua inserção como país dominado no processo de reconfiguração do sistema imperialista, da economia mundial, ou " a movimentos de expansão e deslocamento da economia internacional ", como quer o BNDES em seu documento: "Por que os investimentos na indústria vão crescer". [3]

A partir desta análise mostramos que as mudanças na estrutura econômica da formação brasileira se expressavam, principalmente, num processo que se desdobrava em quatro movimentos distintos e, ao mesmo tempo, faces do mesmo processo;

1 – na formatação de uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente pelo encerramento de um conjunto, ou de elos, parcelas das cadeias produtivas, de ramos de atividades industriais, segmentos industriais que se faziam desde a extração e manufatura de matérias primas e insumos ao produto final até o encerramento de setores da produção de bens de consumo, que assim passam a ser importados ou somente montados no país (nesse último caso, por monopólios estrangeiros). Com isso, perdem-se segmentos industriais relevantes ou rompem-se elos em cadeias produtivas. A desindustrialização é, portanto, um fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo.

2 – na organização de um novo setor industrial voltado para a constituição de ilhas de produção e montagem de mercadorias, em empresas estrangeiras ou associadas, de média tecnologia, principalmente para exportação. Na pauta de exportações brasileira, a presença de produtos com alto valor agregado, oferta dinâmica e uso intensivo de tecnologia pode permitir conclusões equivocadas. Com algumas poucas exceções, estes produtos que figuram como exportação brasileira, em realidade, de made in Brazil só têm a fase de montagem do que foi produzido em outros países, nas cadeias de produção internacional, organizadas pelas empresas transnacionais imperialistas. Fase de montagem que requer um baixo nível de especialização e força de trabalho barata. A tecnologia e o conhecimento técnico incorporados a essas mercadorias se concentram em peças e componentes importados, e boa parte do valor agregado beneficia as empresas dos países imperialistas onde essas peças e componentes são produzidas, e que organizam estas redes de produção.

3 – na constituição de um setor agroindustrial voltado à exportação. Na exportação de commodities minerais. Assim, o pólo dinâmico da economia se transfere para setores voltados à exportação. Portanto, um conjunto de setores que se realizam no exterior. No geral, setores de elaboração de produtos primários. Ou seja, os novos setores dinâmicos têm seu ciclo produtivo concluído no exterior, realizado no exterior. Nesse sentido, o Brasil aprofunda a característica de país exportador de mercadorias intensivas em força de trabalho e derivadas da exploração de seus recursos naturais, baseando-se, para competir no mercado mundial, em sua disponibilidade de força de trabalho barata e de pouca qualidade. A especialização na produção e exportação de commodities é outra das características da regressão colonial.

4 – na montagem de um sistema com o objetivo de remunerar o capital financeiro, remunerando com altos juros o capital fictício que circula e só existe nas engrenagens da especulação, através da articulação entre um elevado superávit primário e altos saldos na balança comercial, que permitem remunerar o capital de "cassino". Capital este que corre para cá com total liberdade atrás das vantagens que só o Brasil e o governo do PT são capazes de dar. Para isto, configura um mecanismo a fim de executar uma punção sobre grande parcela da mais-valia produzida internamente, mesmo quando realizada no exterior, a favor do capital financeiro. Extorque do povo um elevado superávit primário em relação ao PIB, o que possibilita ao governo - mantendo a taxa de juros a mais alta na economia mundial - capturar uma parcela da mais-valia produzida e, comprando os dólares do saldo da balança comercial, transformá-los em remuneração ao capital financeiro beneficiado por estas altíssimas taxas de juros internas oferecidas. [Boletim do CeCAC, ano XII, nº1]

Podemos dizer que, desde que publicamos nosso texto, se aprofundou, tornando-se mais evidente, com suas características, emergindo mesmo da análise superficial de "indicadores", o processo de regressão, de adequação da formação brasileira aos " movimentos de expansão e deslocamento da economia internacional " e, concomitante, neste processo as frações da classe dominante que vinham com contradição em relação a aspectos do movimento de regressão convergiram, no principal, em sua direção.
Vamos analisar, a partir dos quatro movimentos/características que identificamos acima, com as quais conceituamos o processo de regressão, como este se desdobrou. Analisar como evolui o processo a partir de suas características.

A primeira, " ... uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente... ".
Segundo, " ... na organização de um novo setor industrial voltado para a constituição de ilhas de produção e montagem de mercadorias, em empresas estrangeiras ou associadas, de média tecnologia, principalmente para exportação. ".
Terceiro, " ... na constituição de um setor agroindustrial voltado à exportação. Na exportação de commodities minerais. Assim, o pólo dinâmico da economia se transfere para setores voltados à exportação. ".
Quarto, " ... na montagem de um sistema com o objetivo de remunerar o capital financeiro,... ". (Boletim do CeCAC, ano XII, nº1)

É de fundamental importância, ao colocar em prática nossa crítica a partir da análise da formulação de economistas burgueses, dos economistas do BNDES, IEDI, particularmente, ter em conta que o ponto de vista de classe onde estão situados – o ponto de vista das diversas frações da classe dominante – os leva a ver ou a não ver, em suas análises, fenômenos ou a enfocá-los de seu ponto de vista e, assim, a identificá-los sob a forma determinada pelos interesses da classe que representam. Um bom exemplo disto está no documento do BNDES, " Visão do Desenvolvimento nº. 26 ".

Esta modalidade de cegueira ideológica se expressa por todos os documentos que analisamos. Nestes textos, partindo do ponto de vista de classe, os economistas das distintas frações da classe dominante brasileira, não podem ver que a mudança estrutural importante não é o crescimento ou queda de um índice ou de outro, porém a reconfiguração da economia brasileira condicionada pelos processos de reorganização da economia mundial. Aqui, o crescimento ou queda de um índice é resultado do processo de regressão sob a determinação da economia mundial, do imperialismo.

Partindo da análise dos textos do IEDI e de órgãos governamentais como o BNDES, podemos comprovar que, não só se aprofunda o processo de regressão, como também que as diversas frações da classe dominante passaram a alocar seus capitais em torno do novo " sentido da colonização ", a regressão, atendendo às determinações do sistema em busca da taxa de lucro.

O IEDI publicou em 23/03/07, portanto um ano e quatro meses depois de ter lançada a questão " Ocorreu uma Desindustrialização no Brasil? " [4] , a Carta nº. 252 " Desindustrialização e Dilemas do Crescimento Econômico Recente " que inicia afirmando: " Podemos dizer que a desindustrialização está aumentando... ", para concluir, " Em síntese, mesmo dotado de um parque industrial amplo e diversificado, verifica-se nos últimos anos um processo de desindustrialização no país,... ".

O trabalho do IEDI começa por apontar para o baixo ritmo de crescimento da economia brasileira, partindo do pressuposto correto de que numa economia capitalista é o crescimento da indústria que puxa o crescimento de toda a economia:

"O baixo dinamismo da economia brasileira, expresso em baixas taxas de crescimento do PIB, se constitui em um dos principais problemas macroeconômicos da atualidade. O crescimento da indústria de transformação, setor que por suas características de encadeamento de demandas ao longo das cadeias produtivas dentro e fora da indústria exerce um importante efeito de liderar a taxa de crescimento agregada, também tem crescido pouco." ("Carta IEDI nº. 252", p.2)

O problema não é que o PIB tenha crescido pouco, o problema é de que cresceu pouco por ter sido "puxado" para baixo pela "indústria de transformação", como aponta a nova carta onde o IEDI dá os índices do aprofundamento da " desindustrialização ", a partir deles podemos mostrar como se desenvolveram as características do processo de regressão que relacionamos acima:

A primeira, de que a estrutura industrial constituída anteriormente vem sendo substituída por " ... uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente... ".

"Se um parque industrial está perdendo importância, seja em termos quantitativos ou qualitativos, esse processo pode se dar de duas formas, não excludentes. Na primeira, determinados setores industriais vão perdendo peso, em termos absolutos e/ou em relação ao total da indústria, não sendo isso compensado pelo ganho de importância de outros segmentos industriais. Esse processo é de maior gravidade, se os setores que encolhem são intensivos em tecnologia (setores de ponta)." ("Carta IEDI nº. 252", p. 9)

É isto o que vai caracterizar a "desindustrialização", " determinados setores industriais vão perdendo peso, em termos absolutos e/ou em relação ao total da indústria, não sendo isso compensado pelo ganho de importância de outros segmentos industriais. " Não só a indústria vai perdendo " determinados setores " como também vai perdendo setores " intensivos em tecnologia ".

"Uma atualização do estudo anterior aponta para um aprofundamento do processo de desindustrialização nos últimos dois anos. A menor taxa de crescimento da indústria de transformação relativamente aos demais setores da economia é um indicativo de que o processo de desindustrialização está progredindo. Mais ainda, observando os componentes da demanda agregada que mais cresceram no período, o expressivo crescimento das importações (9,3% em 2005 e 18,1% em 2006), com baixo incremento da produção da indústria de transformação (1,1% em 2005 e 1,9% em 2006), sugere que pode estar ocorrendo um forte processo de substituição de produção doméstica por importações" ("Carta IEDI nº. 252", p. 3).

O que vai mostrar o estudo é que setores ou elos da cadeia produtiva são desativados e substituídos pela importação de peças e componentes, por outro lado, nos setores em que se mantiveram com suas cadeias de produção completa não se deu a atualização dos processos produtivos. Mesmo quando se diz que estes setores não recuaram tecnologicamente, mas estagnaram, se está afirmando que estão empregando tecnologias já superadas ou em vias de superação na economia mundial (os trustes e cartéis transferem tecnologia "velha" retirando novos lucros delas) visto que esta vem vivendo um processo intensivo de incorporação de novas tecnologias, com o objetivo de aumentar a taxa de lucro, intensificando a exploração das classes dominadas.

"Uma conclusão geral sobre as mudanças na estrutura produtiva: a abertura econômica, se não provocou uma regressão tecnológica, também não promoveu um "upgrade" em termos de processos produtivos mais sofisticados." ("Carta IEDI nº. 252", p.2).

Segundo, " ... na organização de um novo setor industrial voltado para a constituição de ilhas de produção e montagem de mercadorias, em empresas estrangeiras ou associadas, de média tecnologia, principalmente para exportação .". (Boletim do CeCAC, ano XII, nº1)

O estudo do IEDI mostra que outra forma do que vai chamar de "desindustrialização", a reconfiguração da indústria no Brasil, se dá com o processo que denomina de " terceirização " da produção de peças e componentes e matérias-primas. Mostra que esse processo de " terceirização " expressando o que identifica como "desindustrialização", a reconfiguração da indústria brasileira, se dá quando a produção industrial de matérias-primas, peças e componentes é transferida para outras empresas e, no caso do Brasil, para o exterior, resultando na situação, por exemplo, da zona franca de Manaus, onde " ... a indústria apenas 'encaixa' peças e componentes que foram produzidas no exterior, ".

"A desindustrialização pode ocorrer também quando a forma como se produz sofre grandes alterações por meio da terceirização da força de trabalho e da produção de matérias - primas. Com a terceirização da mão-de-obra parte da produção da indústria é transferida para o setor serviços. Um exemplo são os serviços de manutenção de máquinas e equipamentos industriais que, até o final dos anos 1980 estavam, em grande medida, a cargo das próprias empresas industriais. No início dos anos 1990 essa produção passou para empresas do setor terciário. A terceirização da produção de matérias primas, peças e componentes é fruto da adoção da prática de linhas de produção mais especializadas no produto final. Nesse caso a produção industrial é transferida para outras empresas industriais no Brasil ou no exterior." ("Carta IEDI nº. 252", p. 9).

A terceira característica, a ". .. constituição de um setor agroindustrial voltado à exportação. Na exportação de commodities minerais. Assim, o pólo dinâmico da economia se transfere para setores voltados à exportação. ", (Boletim do CeCAC, ano XII, nº1) vem se acelerando rapidamente sob a determinação da economia mundial:

"Para investigarmos se está ocorrendo uma tendência recente à desindustrialização duas linhas de argumentação serão apresentadas. De um lado, a persistência da política econômica que combina elevadas taxas de juros e cambio apreciado tem desistimulado (sic) o crescimento da economia e da indústria em particular. Por outro lado, as mudanças na estrutura produtiva provocadas em grande parte pela abertura econômica, levaram a uma concentração maior da produção em setores com vantagens competitivas na exploração de recursos naturais em detrimento de setores mais tradicionais e mais empregadores de mão de obra e de setores de alta tecnologia, com vantagens competitivas dinâmicas no comercio internacional. Essa tendência à especialização em recursos naturais torna as exportações industriais do país mais vulneráveis às flutuações de preços no mercado internacional, com conseqüências negativas para a balança comercial a longo prazo." ("Carta IEDI nº. 252", p. 4).

Como mostra o documento do IEDI, a reconfiguração da economia brasileira para acompanhar o processo de reorganização da economia mundial, o que no texto está "traduzido" de forma a encobrir os determinantes externos, como " as mudanças na estrutura produtiva provocadas em grande parte pela abertura econômica ", " levaram ", como o texto do IEDI conceitua o processo, ou de melhor forma, determinaram (determinaram no sentido das delimitações impostas pelas leis que regem a reprodução do capital) "... a uma concentração maior da produção em setores com vantagens competitivas na exploração de recursos naturais, " e "... em detrimento de setores mais tradicionais e mais empregadores de mão de obra e de setores de alta tecnologia .". Como diz o documento, uma " tendência à especialização em recursos naturais ".

Os documentos do BNDES " Visão do Desenvolvimento ", confirmam as análises que vimos fazendo de que a formação econômico-social brasileira vive um processo de reconfiguração em razão das mudanças por que passa a economia mundial.

O Visão de nº. 21, " Investimentos vão crescer entre 2007 e 2010 ", se inicia estabelecendo uma relação entre o crescimento da economia brasileira e da economia mundial:

"Há fatores determinantes comuns na desaceleração da economia internacional e do Brasil a partir dos anos 1980. O principal deles foi a mudança que ocorreu na economia americana." ( "Visão" nº. 21 , p. 2).

Mais adiante, o texto do BNDES aponta, de forma atravessada, a " mudança estrutural importante " ocorrida na economia brasileira que, de acordo com o texto, se dá a partir de 2002.

"A partir de 2002, a economia voltou a se expandir a taxas um pouco mais elevada de 2,8% ao ano. Esse crescimento veio, no entanto, associado a uma mudança estrutural importante. Em contraste com o observado nas últimas décadas verificou-se a acumulação de elevados saldos em transações correntes da ordem de 1,5 % do PIB ao ano." ("Visão" nº. 21, p. 3).

Ora, a " mudança estrutural importante " não está na " acumulação de elevados saldos " e sim nas transformações que já vêm ocorrendo na economia brasileira bem antes de 2002. Mudança estrutural esta que leva ao resultado dos saldos em transações correntes e que só pode ser estudada no contexto do rearranjo da " economia internacional ".

Esta modalidade de cegueira ideológica se expressa por todo o documento, como por exemplo, quando diz que se reduziu a " vulnerabilidade externa ". Ora, a inserção do Brasil como fornecedor de commodities, da agroindústria, da agropecuária, minerais e até industriais, a reconfiguração da economia mundial, aumentou a vulnerabilidade do Brasil às crises ou processos de crescimento ou estancamento da economia mundial. Podemos dizer que hoje a economia do Brasil é muito mais vulnerável às oscilações da economia mundial do que quando alimentávamos uma dívida impagável (que gerou a moratória de 1987). Vulnerável no sentido de que aumentou, intensificou, a dominação imperialista, aprofundou a condição do Brasil de país dominado no sistema imperialista. E de uma forma específica que estamos conceituando de regressão a uma situação colonial de novo tipo.

É importante analisar os setores da economia que vão crescendo e onde se dão maiores investimentos para que possamos perceber o sentido para onde se move a formação econômica social brasileira nesta nova etapa do processo de dominação imperialista. O documento que estamos citando percebe, evidentemente, do seu ponto de vista, que a economia no Brasil se move em outro sentido.

"Pesquisa realizada pelo BNDES, em 2006, aponta que os investimentos em curso, em análise ou em perspectiva na indústria, na infra-estrutura e na construção residencial, já estão se movendo em direção a uma trajetória de aceleração ao longo dos próximos quatro anos." ( " Visão", n°. 19 , p. 4).

Ao não ser capaz de perceber que " os investimentos em curso ", dirigem-se para setores específicos da economia, os economistas do BNDES só são capazes de identificar " uma trajetória de aceleração " e, mesmo quando especificam os investimentos por setor, não são capazes de analisar o sentido em que se move a economia, apesar de que o documento classifica a maior parte dos investimentos como " autônomos " com relação à economia brasileira.

"A taxa de investimento está hoje em seus recordes históricos nas áreas de petróleo e gás e de extrativa mineral. Ambos os setores estão respondendo ao aumento da demanda e dos preços internacionais. Na siderurgia e em papel e celulose vislumbra-se um movimento importante de deslocamento para o Brasil de capacidade produtiva, hoje instalada em países desenvolvidos, atraído pela forte competitividade brasileira nestes setores." ("Visão", n°. 19, p. 5).

Do ponto de vista dos interesses da classe operária, o que a análise do BNDES exposta na citação acima mostra é que, nos setores da " indústria extrativa mineral " e de " petróleo e gás ", as taxas de investimentos atingem hoje recordes históricos, inclusive investimentos de capital externo com o objetivo explícito de atender ao aumento da demanda da economia mundial imposto pela transferência da indústria dos países imperialistas para a China. Reconfiguração da economia mundial que resulta para o Brasil num processo de "regressão", mais desemprego e exploração para os dominados.

Da mesma forma se dá com a transferência para cá dos setores da indústria, dos países imperialistas, siderúrgica e de papel e celulose. A razão exposta pelo BNDES para esse movimento, a " forte competitividade brasileira nesses setores ", pode ser traduzida, principalmente, pelo preço muito mais baixo da força de trabalho, e também pela proximidade das fontes de matérias-primas, além de outras vantagens, como bases produtivas já instaladas.

Na conclusão do seu texto, o BNDES destaca, "grosso modo", quatro grandes setores nos quais identifica esta aceleração de investimentos, sendo o primeiro próximo a R$ 300 bilhões, o de petróleo e gás, extrativa mineral, insumos básicos (siderurgia e celulose). No quadro que reproduzimos abaixo o BNDES identifica que esse setor é comandado pela dinâmica dos "mercados externos".

QUADRO RESUMO
Características Setores Perspectivas Investimentos Previstos 2007-2010
Comandados pela dinâmica dos mercados externos Petróleo e gás, extrativa mineral, insumos básicos (siderurgia e celulose) Investimento em forte expansão, intensivos em capital, projetos de longo prazo de maturação R$293 bilhões
Elevada elasticidade da demanda a juros Construção residencial e bens de consumo duráveis Demanda crescente, em função do aumento da renda e do crédito R$470 bilhões em Construção residencial (1) e R$44 bilhões em Automobilística e Eletrônica
Dependentes de orçamento fiscal Habitação popular, infra-estrutura urbana, saneamento, portos e ferrovias (investimentos permanentes) Restrições orçamentárias podem atrasar parte dos investimentos identificados R$62 bilhões em Saneamento, portos e ferrovias
Infra-estrutura empresarial Energia elétrica, telecomunicações, portos e ferrovias, Relevantes para a competitividade sistêmica, mas sujeitos a Incertezas R$147 bilhões de investimentos em Energia
(1) inclui habitação popular.
Debaixo de noções como as de "maior integração da economia brasileira com a internacional ", " integração internacional dessas empresas e setores ", o texto esconde que o processo expressa a maior integração do Brasil no lugar que lhe é determinado pelo imperialismo.

"Existe um grupo de setores que se beneficiou mais diretamente da maior integração da economia brasileira com a internacional. Esse benefício decorreu não só do crescimento acelerado desses mercados nos últimos anos, mas também de processos em curso de deslocamento para o Brasil de segmentos das cadeias industriais na siderurgia e na celulose hoje instalados em países do Hemisfério Norte. Nesse momento, o que se observa é que há vários blocos de investimentos em processos de efetivação que devem ampliar, ainda mais no futuro, a integração internacional dessas empresas e setores." ("Visão", n°. 19, p. 6).

São setores e empresas que se constituem ou se desenvolvem em função da requisição da nova fase da economia mundial, o que implica e implicou contradições no interior da classe dominante, determinando as políticas econômicas aplicadas pelo governo bem como as condições na qual a classe operária trava a luta de classes, inclusive do ponto de vista subjetivo.

É importante notar aqui que se trata do deslocamento para o Brasil de " segmentos das cadeias industriais " configurando a constituição de " uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente... ". De segmentos transferidos para cá em virtude da " forte competitividade " oferecida pela economia brasileira, fundamentalmente, pelo aumento da exploração da classe operária que, sob o comando do PT na luta de classes, vê cair seus salários e aumentar o exército de reserva.

O segundo movimento – o de fornecimento de insumos para a reconfiguração da economia mundial: minerais e matérias primas, etc. – vai conformar outra característica do movimento que conceituamos como o de regressão colonial de novo tipo.

"Nesse sentido, o Brasil aprofunda a característica de país exportador de mercadorias intensivas em força de trabalho e derivadas da exploração de seus recursos naturais, baseando-se, para competir no mercado mundial, em sua disponibilidade de força de trabalho barata e de pouca qualidade. A especialização na produção e exportação de commodities é outra das características da regressão colonial." (Boletim do CeCAC, ano XII, nº 1)

Nos demais setores arrolados, principalmente os casos da habitação popular e infra-estrutura urbana, onde a análise do BNDES aponta grandes investimentos, a perspectiva não se sustenta. Primeiro, porque não há um crescimento significativo da massa de rendimentos, depois porque as metas de superávit primário não permitem investimentos para atender as necessidades da população de mais baixo nível de renda.

De outra forma se dá com a indústria automobilística e eletrônica, que tem sua produção voltada para a exportação ou para os setores de camada média de melhor nível de renda, beneficiada pelo crédito, pela redução dos juros e o aumento dos prazos.

De forma diferente se dá nos casos de energia elétrica, telecomunicações, portos, estradas e ferrovias, naquilo que o documento classifica como " infra-estrutura empresarial ", investimentos voltados para atender os interesses do grande capital no processo de reconfiguração.

É ilustrativo voltar para o " Visão do Desenvolvimento " de nº.19, no qual o BNDES levanta as perspectivas de investimentos na indústria, para que se perceba o sentido para onde caminha a formação econômico-social brasileira.

Primeiro o documento assinala a grandeza dos valores a serem investidos. Grandeza que não se pode comparar com a dos investimentos nos demais setores; segundo, o fato de que esses grandes investimentos na indústria estão voltados para configurar o setor industrial " autônomo, em relação ao mercado interno. " e voltado a atender a economia mundial.

"Os resultados da pesquisa são, de certa forma, surpreendentes, tanto pela magnitude dos valores de investimento levantados, quanto pelo fato de serem em sua maior parte autônomos ao mercado interno."

"A maior parte desses investimentos é de caráter autônomo, em relação ao mercado interno. Responde a movimentos de expansão e deslocamento da economia internacional. Reflete, por sua vez, a competitividade do Brasil e a capacidade de resposta de suas empresas ao cenário externo favorável,...". (" Visão ", nº. 19, p. 7)

Portanto, como reconhece o BNDES, não só estão previstos grandes somas de investimentos na economia brasileira para os próximos quatro anos, somas bem maiores do que as que vêm sendo investidas nos últimos anos, como também, estes investimentos vão no sentido de reconfigurar a formação econômica brasileira respondendo " a movimentos de expansão e deslocamento da economia internacional. ". Expansão e deslocamento na economia mundial em busca de maior taxa de lucro, em busca de superar sua crise.

Este montante de investimentos projetados tanto pelo Estado como pelo capital interno, como pelo capital de cartéis e trustes transnacionais, expressa um movimento no sentido de dar nova conformação à infra-estrutura econômica. Movimento que, se momentos atrás, provocou alguma fricção entre as diversas frações da classe dominante, frações já envolvidas no processo de reconfiguração e frações da burguesia brasileira voltadas para o mercado interno, hoje se faz sob o aplauso de todos.

Não podemos desconhecer a competência do BNDES para levantar os dados sobre os investimentos programados para a indústria para o período 2007-2010, e a amplitude do levantamento de que é capaz.


"O BNDES é o maior banco de desenvolvimento brasileiro. Esse papel lhe permite reunir um conjunto amplo de informações sobre os horizontes de investimento dos principais setores da economia." ("Visão", nº. 19, p. 1).

É exatamente a competência que lhe possibilita seu " papel " e o amplo conjunto de informações que reuniu " sobre os horizontes de investimento dos principais setores da economia ", que nos permite constatar que tal " magnitude " de " valores " de investimentos reconfigurando a forma de inserção da formação brasileira no sistema imperialista não poderia se dar sem a participação do principal da classe dominante brasileira.

De outra forma, a tese que estamos avançando é a de que, após um período de fricção entre setores da burguesia brasileira que acumulam internamente, principalmente da burguesia industrial, e setores da burguesia que haviam assumido o papel indutor no processo de reconfiguração da formação brasileira o principal dos diversos setores das classes dominantes integrou-se ao processo.

A outra expressão da unificação dos diversos setores da classe dominante em torno do processo de reconfiguração se dá pela unificação em torno do governo Lula, de todos os partidos, maiores ou menores, que expressam interesses menores ou maiores das classes dominantes.

Hoje o governo Lula reúne um arco que vai de Collor, Maluf, ACM, Jader Barbalho, et caterva até o PL, PP, PTB de Roberto Jefferson, o PV, PDT, PSB, PC do B e PT, e ainda mais, de Caiado da União Ruralista ao MST, dos banqueiros à CUT.

Poucas vezes se viu tal habilidade das classes dominantes em colocar lugar-tenentes operários a serviço de seus interesses.
Notas:
[1] Revista Forbes Brasil, Ano 7 – n° 153, 4 de abril/2007, pág. 46.
[2] Boletim do CeCAC , ano XII, nº. 1, 2006.
[3] Por que os investimentos na indústria vão crescer. Visão do Desenvolvimento nº. 19. BNDES. [
[4] Carta 183 , 25/11/2005. IEDI.

[*] Economista.

O original encontra-se em http://www.cecac.org.br/MATERIAS/Aprofunda-se_a_regressao.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



ZZ - ESTUDAR SEMPRE

  • A Condição Pós-Moderna - DAVID HARVEY
  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
  • A era do capital - HOBSBAWM, E. J
  • Antonio Gramsci – vida e obra de um comunista revolucionário
  • Apuntes Criticos A La Economia Politica - Ernesto Che Guevara
  • As armas de ontem, por Max Marambio,
  • BOLÍVIA jakaskiwa - Mariléia M. Leal Caruso e Raimundo C. Caruso
  • Cultura de Consumo e Pós-Modernismo - Mike Featherstone
  • Dissidentes ou mercenários? Objetivo: liquidar a Revolução Cubana - Hernando Calvo Ospina e Katlijn Declercq
  • Ensaios sobre consciência e emancipação - Mauro Iasi
  • Esquerdas e Esquerdismo - Da Primeira Internacional a Porto Alegre - Octavio Rodríguez Araujo
  • Fenomenologia do Espírito. Autor:. Georg Wilhelm Friedrich Hegel
  • Fidel Castro: biografia a duas vozes - Ignacio Ramonet
  • Haciendo posible lo imposible — La Izquierda en el umbral del siglo XXI - Marta Harnecker
  • Hegemonias e Emancipações no século XXI - Emir Sader Ana Esther Ceceña Jaime Caycedo Jaime Estay Berenice Ramírez Armando Bartra Raúl Ornelas José María Gómez Edgardo Lande
  • HISTÓRIA COMO HISTÓRIA DA LIBERDADE - Benedetto Croce
  • Individualismo e Cultura - Gilberto Velho
  • Lênin e a Revolução, por Jean Salem
  • O Anti-Édipo — Capitalismo e Esquizofrenia Gilles Deleuze Félix Guattari
  • O Demônio da Teoria: Literatura e Senso Comum - Antoine Compagnon
  • O Marxismo de Che e o Socialismo no Século XXI - Carlos Tablada
  • O MST e a Constituição. Um sujeito histórico na luta pela reforma agrária no Brasil - Delze dos Santos Laureano
  • Os 10 Dias Que Abalaram o Mundo - JOHN REED
  • Para Ler O Pato Donald - Ariel Dorfman - Armand Mattelart.
  • Pós-Modernismo - A Lógica Cultural do Capitalismo Tardio - Frederic Jameson
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira
  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
  • Um homem, um povo - Marta Harnecker

zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Antígona, de Sófocles
  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
  • CASA-GRANDE & senzala - Gilberto Freyre
  • Crítica Eurocomunismo - Ernest Mandel
  • Dialética do Concreto - KOSIK, Karel
  • Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico - Friedrich Engels
  • Do sonho às coisas - José Carlos Mariátegui
  • Ensaios Sobre a Revolução Chilena - Manuel Castells, Ruy Mauro Marini e/ou Carlos altamiro
  • Estratégia Operária e Neocapitalismo - André Gorz
  • Eurocomunismo e Estado - Santiago Carrillo
  • Fenomenologia da Percepção - MERLEAU-PONTY, Maurice
  • História do socialismo e das lutas sociais - Max Beer
  • Manifesto do Partido Comunista - Karl Marx e Friedrich Engels
  • MANUAL DE ESTRATÉGIA SUBVERSIVA - Vo Nguyen Giap
  • MANUAL DE MARXISMO-LENINISMO - OTTO KUUSINEN
  • Manuscritos econômico filosóficos - MARX, Karl
  • Mensagem do Comitê Central à Liga dosComunistas - Karl Marx e Friedrich Engels
  • Minima Moralia - Theodor Wiesengrund Adorno
  • O Ano I da Revolução Russa - Victor Serge
  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
  • Orestéia, de Ésquilo
  • Os irredutíveis - Daniel Bensaïd
  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
  • O Processo - Franz Kafka
  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
  • Oliver Twist, de Charles Dickens
  • Os Invencidos, WILLIAM FAULKNER
  • Os Miseravéis - Victor Hugo
  • Os Prêmios – Júlio Cortazar
  • OS TRABALHADORES DO MAR - Vitor Hugo
  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

ZZ- Estudar Sempre /GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira