sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O PROBLEMA DE YEDA COM A VERDADE








A governadora Yeda Crusius acredita que é uma ótima comunicadora. Já disse isso em várias ocasiões, de diferentes maneiras. Na entrevista que concedeu ao Roda Viva, da TV Cultura, mostrou, porém, os limites de sua crença e um sério problema com a verdade. Em mais de uma ocasião, sapateou em cima da verdade, apelando a uma retórica tecnocrática rasteira, à falsidade, à neurociência e a um conceito de pragmatismo que se pretende desprovido de qualquer conteúdo ideológico. Para transitar neste pântano semântico, tentou inventar uma nova língua. Vejamos alguns exemplos. No primeiro bloco do programa, quando perguntada sobre o projeto de aumento de impostos remetido à Assembléia, e rejeitado pela mesma, justificou a derrota apelando para um “problema de comunicação”.

Segundo ela, não se tratava de um tarifaço, mas sim de um “guarda-chuva de fundos reestruturadores da realidade”. “Senti um fracasso de comunicação”, disse. Por que será? Talvez pelo fato de ter passado boa parte da campanha eleitoral dizendo que não ia aumentar impostos. “Foi entendido como aumento de impostos. Não era. Eu só queria harmonizar a alíquota mínima do ICMS”. Segundo a governadora, ninguém entendeu o que ela queria, nem seu vice-governador, Paulo Feijó. “O vice não entendeu. Não entende até hoje”. E emendou: “As elites que fazem a política não perceberam o tamanho do problema”. Ah, essas elites, sempre com um déficit de compreensão a dificultar as causas populares. Ou seja, nem seus companheiros de partido, nem o seu vice-governador, nem as elites entenderam o que ela estava querendo dizer. Um “problema de comunicação”, sem dúvida.

Outro problema de comunicação apareceu em um curioso diálogo mantido com a escritora Lya Luft, que defendeu a redução da maioridade penal, justificando que “com 10, 12 anos, alguns já são psicopatas”. Yeda recusou a tese da redução da maioridade penal, mas logo em cima defendeu que há “um problema de saúde mental que leva à violência”, um problema que às vezes vem lá da gestação, e que a neurociência explica isso. Bem, essa é justamente a “tese” de Lya Luft. Desde muito cedo, nossa sociedade está formando psicopatas, defendeu. E, falando em psicopatas, a governadora disse que pretende ir aos Estados Unidos conversar com o procurador-geral Alberto Gonzáles sobre investimentos na política penitenciária do RS. Estranhamente, Yeda disse que viaja sem saber bem o que vai fazer lá.

“Eu vou lá para escutar. Eles é que estão dizendo que há uma política nova. Quero estudar nos EUA. Eles têm uma legislação diferente. Vou fazer uma palestra na Liga das Mulheres e quero falar com o procurador-geral”. O procurador, cabe lembrar, é o homem que inventou uma “legislação diferente” para justificar a prática da tortura nas prisões de Guantánamo e de Abu Ghraib”. Mas, enfim, Yeda vai aos EUA para aprender. Uma coisa que ela pode aprender aqui mesmo é o respeito à verdade. Pisoteou feio nela várias vezes. Uma quando disse que o Bolsa Família não exige contrapartida na freqüência escolar das crianças. É mentira. Outra quando falou que só proferiu uma vez a palavra “Ford” na campanha eleitoral. Mentira também. Também faltou à verdade quando disse que assumia a responsabilidade e não colocava a culpa nos outros. Ela não cansa de atribuir ao governo federal a responsabilidade por muitos dos problemas vividos pelo RS. Por fim, disse defender uma política externa pragmática, desprovida de ideologia, o que equivale a um círculo quadrado. Tem um singelo defeito: não existe. Esse problema a neurociência não explica. A Política, sim.


Escrito por Marco Weissheimer às 01h13

AS HISTÓRIAS QUE A RBS NÃO CONTA



A RBS iniciou as comemorações de seus 50 anos com pompa, circunstância e uma conveniente dose de amnésia. O caderno especial publicado nesta sexta-feira, no jornal Zero Hora, omite alguns fatos importantes que marcaram a história e o crescimento do grupo. Mais do que isso, distorce fatos, em especial aqueles relacionados ao período da ditadura militar. Como a maioria da grande mídia brasileira, a empresa gaúcha apoiou o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart. O jornal Zero Hora ocupou o lugar da Última Hora, fechado pelo regime militar por apoiar Jango. Esse é o batismo de nascimento de ZH. Como escreveu Eleutério Carpena, em uma edição especial da revista Porém sobre a RBS, “a mão que balança o berço de ZH é da violência contra o Estado Democrático de Direito”.

Três dias depois da publicação do famigerado Ato Institucional n° 5 (13 de dezembro de 1968), ZH publicou matéria sobre o assunto afirmando que “o governo federal vem recebendo a solidariedade e o apoio dos diversos setores da vida nacional”. No dia 1° de setembro de 199, o jornal publica um editorial intitulado “A preservação dos ideais”, exaltando a “autoridade e a irreversibilidade da Revolução”. A última frase editorial fala por si: “Os interesses nacionais devem ser preservados a qualquer preço e acima de tudo”. A expansão da empresa se consolidou em 1970, quando foi criada a sigla RBS, de Rede Brasil Sul, inspirada nas três letras das gigantes estrangeiras de comunicação CBS, NBC e ABC. A partir das boas relações estabelecidas com os governos da ditadura militar e da ação articulada com a Rede Globo, a RBS foi conseguindo novas concessões e diversificando seus negócios.

Outro fato marcante da história do grupo que não é mencionada no caderno comemorativo é a ativa participação da empresa no processo de privatização da telefonia no RS, durante o governo de Antônio Britto, ex-funcionário da RBS. Aliás, não só no RS. Segundo pesquisa realizada por Suzy dos Santos (do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBa e Sérgio Capparelli (do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Fabico/UFRGS), a RBS esteve presente em praticamente todos os momentos do processo de privatização das telecomunicações no país, durante o governo FHC. O ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo FHC, Pedro Parente, assumiria depois um alto cargo na direção da RBS. Aqui no RS, desde o golpe de 1964, a empresa sempre teve uma relação íntima com os governantes de plantão. Com uma exceção, o governo Olívio Dutra, fustigado desde seu primeiro dia e pintado como um monstro que ameaçava os homens e mulheres de bem do Rio Grande.

Esses fatos você não verá expostos na exposição organizada pela empresa na Usina do Gasômetro (gentilmente cedida pela administração Fogaça) e em nenhum dos veículos do grupo que, nos próximos dias, praticarão, à máxima potência, a arte do auto-elogio e da amnésia seletiva.


Escrito por Marco Weissheimer às 11h45 blog RS URGENTE

Notícia - Depois de radicalizar o desmonte do RS. Agora começam as demissões

O governo Yeda, no Rio Grande do Sul, radicalizou o sucateamento dos orgãos públicos do Estado: na educação, saúde, empresas estatais e de economia mista. O receituário neoliberal para provomer a farra do lucro através da entropia, "vale tudo" do mercado privado. Agora, o ataque ao patrimônio do Estado, são os servidores e funcionários públicos. (, por Runildo Pinto)


A noticia abaixo foi veiculada no jornal Zero Hora.


Emater demite 350 servidores
Desligamentos, que ocorreram ontem até no estande da empresa na Expointer, provocam revolta de atingidos e temor nas prefeituras e na associação de representantes de funcionários



Na Expointer e em vários pontos do Estado, ontem foi dia de cartas de demissão, emoção e despedidas. Ao optar por dispensar mais de 350 dos seus 2,2 mil funcionários, a Emater enxugou sua folha de pagamento e semeou desconfiança.

O número foi confirmado pelo diretor administrativo da Emater, Cilon Fialho da Silva. A Associação dos Servidores acredita que as demissões vão atingir mais de 400 pessoas. Em alguns municípios, o temor de descontinuidade nos serviços é corrente. Segundo o gerente do escritório regional de Bagé, Mário Silveira, as demissões podem prejudicar o trabalho de campo. Em Quaraí, o único técnico responsável pela extensão rural foi dispensado. Na função, profissionais atuam como visitadores, oferecendo melhorias para a lavoura nas propriedades.

O número de demissões foi além do que o governo do Estado estimava. Em 21 de agosto, o presidente da Emater, Mário Nascimento, havia divulgado que seriam 286 servidores, com salários mais elevados. Na regional de Erechim, foram demitidos 26, com média salarial de R$ 2 mil - entre eles dez faxineiras.

Associação de servidores acredita em desmonte

O presidente da Emater explica que as demissões atingiram aposentados que permaneciam atuando e foram motivadas pela decisão do governo de reduzir de R$ 9 milhões para R$ 7 milhões o valor do repasse mensal para o órgão. Ele assegurou que nenhum escritório vai fechar.

- Estamos em tratativas, ampliando as fontes de receitas. É uma medida de reestruturação e a maioria dos demitidos estava na atividade meio. Vamos oxigenar os quadros.

O presidente da associação dos servidores, Lírio Zarichta, prevê o fechamento de 10 escritórios:

- Vão deixar de fazer o serviço na ponta. É um trabalho de desmonte.

Zarichta avalia que, se houver negligência no atendimento, o Estado poderá sofrer perdas. Ele cita a cadeia do fumo, cujo pólo é Santa Cruz do Sul. Zarichta diz que 42 especialistas na certificação do produto poderão ser demitidos - prejudicando as exportações.

O presidente da Federação das Associações de Municípios (Famurs), Flávio Lammel, disse que a Emater prometeu a manutenção dos serviços, sem aumento nos repasses municipais. Para manter os escritórios, as prefeituras oferecem prédios, estrutura e pagam R$ 920 mensais por técnico. Santa Maria estuda a redução na contrapartida.


Multimídia


Simonetti (D) foi demitido por telefone, mas mesmo assim trabalhou ontem

A situação nas regionais

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O Silêncios dos Intelectuais ( O que ainda da para ver na TV)





O pensamento da intelectualidade brasileira volta a se refletir na programação da TVE Brasil, por meio da série O Silêncios dos Intelectuais, no ar em cinco programas, as quartas, 22h30, e aos sábados, 23h.

O primeiro, O Silêncio, que discute o tempo da reflexão do intelectual, irá ao ar na quarta-feira, 1° de agosto, com depoimento do poeta e filósofo Antonio Cícero sobre a relação do intelectual com a mídia, e a atuação deste em espaços democráticos.

O final desse primeiro programa aponta para a sensação de mal estar que permeia os depoimentos de vários intelectuais, como o de José Raimundo Maia: “Tem de existir uma saída para que os intelectuais não se vejam falando para os seus pares”.

Intelectuais nacionais e estrangeiros dão depoimento e consistência à série de palestras como a filósofa Marilena Chauí, o professor da École Normal em Paris Francis Wolff, o filósofo Sérgio Paulo Rouanet, a professora de filosofia da França Geraldine Muhlmann, o historiador francês e especialista na questão intelectual Jean-François Sirinelli, e Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia da USP, falam nos demais programas que abordam ostemas: O processo, O século dos intelectuais, Do adeus à razão à deusa mídia, e Um mundo novo, uma nova palavra.

Roteiro Adauto Novaes, Ana Izabel M. de Aguiar e Eduardo Nunes.
Direção Eduardo Nunes.
Produção Geral Ltda Associação Cultural Mundo Brasil.
Produtor associado 3 Tabela Filmes.
Ministério da Cultura. Fundo Nacional da Cultura.
Sábados, 23h.

O MAIS UNIVERSAL DOS CUBANOS "Ser culto es el único modo de ser libre"



Martí teve a genialidade de superar as concepções revolucionárias existentes no seu país e ser, ao mesmo tempo, o mais universal dos cubanos.

Foi preso aos 16 anos, libertado pouco depois e morto aos 42 anos em “Dos Rios” quando regressava para construir uma nova pátria.

José Julian Martí y Pérez nasceu em Havana, na rua De Paula, nº 41, atual rua Leonor Pérez, nº 314, (hoje museu), de pais espanhóis. Don Mariano Martí y Navarro, primeiro sargento do Real Corpo de Artilharia, era natural de Valencia, e Leonor Peres Cabrera, de Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias.

Em sua formação na infância teve grande influência o professor e patriota Rafael María de Mendive – na escola San Pablo – que se comprometeu, desde 1866, a custear seus estudos de bacharelado. Porém seu mentor foi preso em 1869.

Suas idéias políticas aparecem publicamente pela primeira vez em janeiro de 1869, nos jornais clandestinos “El Diablo Cojuelo” e “La Pátria Libre” – poema Abdala – poucos meses depois do insurgimento de Carlos Manuel de Céspedes, em “La Demajagua”, em 10 de outubro de 1868.

Ainda muito jovem, Martí foi preso em 21 de outubro de 1869, condenado a seis anos de prisão política. Após um ano de prisão, desenvolveu trabalhos forçados, próximo ao atual Malecón.

Após breve estadia em “El Abra, na “Isla de Piños”, é deportado para a Espanha. Por duas vezes é operado das seqüelas do cárcere no seu corpo (1872), porém, mais difícil, é curar as dores da alma. Dedicará a sua vida, com a ação e a palavra, para que a Pátria também se cure.

Na Espanha não guarda nem alimenta ódios, apenas defende a independência e a justiça. Deixa amigos e se dedica aos estudos, licenciando-se em Direito Civil e Canônico além de filosofia e letras, formando-se com louvor em Zaragoza, em 1874. lá contou com o apoio e solidariedade do companheiro de juventude Fermin Valdés Dominguez, junto a quem fora julgado, acusados ambos por assinar uma carta em que classificavam como apóstata a um condiscípulo por alistar-se no oficialato espanhol, onde Martí reclamou para si a autoria.

Seu amigo foi condenado apenas a seis meses de prisão. Depois de visitar várias cidades eusopéias começa sua etapa americana ao chegar a Veracruz, México, em 8 de fevereiro de 1875. Conhece o mexicano Manuel Mercado – fiel amigo até o último dia – e se reúne com seus pais e irmãos.

Desde sua saída de Cuba, deportado para a Espanha, pode-se assinalar três etapas na sua vida: de 1871 a 1884 – formação intelectual básica; 1884 a 1889 – amadurecimento intelectual e político; e, 1890 a 1895 – total consagração à pátria.
Em 22 de novembro de 1878 nasce seu filho, José Francisco, o adorado Ismaelillo, fruto de seu casamento no México em 20 de dezembro de 1877, coma cubana Carmen Zayas Bazán.

Em 17 de Setembro é detido pela conspiração para a “Guerra Chiquita” e afirma para as autoridades que “Martí pertence a uma raça que não se vende” quando lhe exigem uma manifestação favorável à Metrópole. Regressará, finalmente, em 11 de abril de 1895, e cairá em combate poucas semanas depois, em 19 de maio, quando seus compatriotas, a quem devolveu a confiança, lutam novamente por uma Cuba Livre! Em seus últimos anos de vida trabalhou arduamente para impedir que os Estados Unidos – aonde viveu muitos anos – estendessem seu território para além do Rio Bravo, como haviam feito com o México, conforme revelou em sua carta inconclusa a seu amigo mexicano Manuel Mercado, escrita na véspera da sua morte.

Conheceu, amou e defendeu ao que chamou de Nossa América. Cronista de sua época, do passado e do futuro, jamais deixou de servir ao seu povo, e no último período de sua vida teve apenas um objetivo: a libertação de Cuba. Organizou o novo movimento independentista através do Partido Revolucionário Cubano (PRC), de base democrática onde unificou todas as forças populares com um só objetivo – a independência – e previu uma república diferente das experiências que conheceu em outras nações americanas.

Em 14 de março surge o primeiro número do periódico “Pátria”, dedicado à grande causa da independência, e em 10 de abril deste ano é fundado o PRC, onde Martí é eleito como delegado.

Depois dos iniciadores, Martí é e segue sendo o forjador mais completo da nação e nacionalidade cubanas.

Alguns pensamentos de José Marti




Cultura

"Conocer diversas literaturas es el medio mejor de libertarse de la tiranía de alguna de ellas".

"Siempre fue el amor al adorno dote de los hijos de América, y por ella lucen, y por ella pecan el carácter movible, la política prematura y la literatura hojosa de los países americaos".

"Ser culto es el único modo de ser libre".

"La poesía, que congrega o disgrega, que fortifica o angustia, que apuntala o derriba las armas, que da o quita a los hombres la fe y el aliento, es más necesaria a los pueblos que la industria misma, pues esta les proporciona el mode de subsistir, mientras que aquella les da el deseo y las fuerzas de la vida".

"¿Ni de qué vive el artista sino de los sientimentos de la Patria?".

Educación

"Saber leer es saber andar. Saber escribir es saber ascender".

"Los niños saben más de lo que parecen, y si les dijeran que escribiesen lo que saben, muy buenas cosas que escribirían".

"Todo hombre ha de aprender ha trabajar en el campo, a hacer las cosas con sus propias manos, y a defenderse".

"Los niños debían echarse a llorar, cuando ha pasado el día sin que aprendan algo nuevo, sin que sirvan de algo".

Ética

"La dignidad es como la esponja: se la oprime pero conserva siempre su fuerza de tensión. La dignidad nunca se muere".

"Ser bueno es el único modo de ser dichoso".

"Un hombre que oculta lo que piensa, o no se atreve a decir lo que piensa, no es un hombre honrado".

"Hay hombres que viven contentos aunque vivan sin decoro. Hay otros que padecen como en agonía cuando ven que los hombres viven sin decoro a su alrededor. En el mundo ha de haber cierta cantidad de decoro, como ha de haber cierta cantidad de luz. Cuando hay muchos hombres sin decoro, hay siempre otros que tienen en sí el decoro de muchos hombres".

"las palabras deshonran cuando no llevan detrá un corazón limpio y entero. Las palabras están demás, cuando no fundan, cuando no esclarecen, cuando no atraen, cuando no añaden".

"La palabra no es para encubrir la verdad, sino para decirla".

"Las palabras no valen sino en cuanto representan una idea".

Política

"No es rico el publo donde hay algunos hombres ricos, sino aquel donde cada uno tiene un poco de riqueza. En economía, política y en buen gobierno, distribuir es hacer venturosos".

"Adivinar es un deber de los que pretenden dirigir. Para ir delante de los demás se necesita ver más que ellos".

"El Derecho asegura a los pueblos y refrena a los hombres".

"Mientras la justicia no esté conseguida, se pelea".

"La miseria no es una desgracia personal: es un delito público. ¿ Será ley para el hombre en la naturaleza lo que no lo es para los animales?".

"Mejor sirve a la Patria, quién le dice la verdad y le educa el gusto que el que exagera el mérito de sus hombres famoso. Ni se a de adorar ídolos, ni de descabezar estatuas".

"Los peligros no se han de ver cuando se les tiene encima, sino cuando se los puede evitar. Lo primero en política, es aclarar y prever".

"¡ Sólo perdura, y es para bien, la riqueza que se crea, y la libertad que conquista, con las propias manos!".

"¡ Los árboles se han de poner en fila, para que no pase el gigante de las siete leguas!. Es la hora del recuento, y de la marcha unida, y hemos de andar en cuadro apretado, como la plata en las raíces de los Andes".

"El pueblo que quiera ser libre, sea libre en negocios. Distribuya sus negocios entre países igualmente fuertes. Si ha de preferir a alguno, prefiera al que lo necesite menos, al que lo desdeñe menos".

"De la justicia no tienen nada que temer los pueblos, sino los que se resisten a ejercitarla".

Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

I


“Estou cego”, afirma desesperadamente o motorista paralisado em frente ao semáforo (p. 12).* Mas o que ele “vê”, se assim se pode afirmar, não é a treva, mas uma brancura infinita. “Sim, entrou-me um mar de leite”, diz o cego (p. 14). É uma cegueira incompreensível, repentina e sem explicações. Os que vêem não podem acreditar que o cego assim se encontra. Mesmo o médico, especialista nas coisas da visão humana, não descobre a causa da doença. “Os olhos do homem parece sãos, a íris apresenta-se nítida, luminosa, a esclerótica branca, compacta como porcelana” (p. 12).


A cegueira branca é uma alegoria sobre a falta de visão social e política diante da realidade que nos circunda. Os indivíduos, alienados, encontram-se apartados do mundo, imersos na ideologia individualista e consumista. Eles vivem fora da realidade, ainda que tenham olhos não a reparam. Tudo lhes parece natural. Se a satisfação hedonista alimenta a “cegueira”, é o medo da perda e da impossibilidade de saciar-se e manter-se em “segurança” que os tornam cegos. Diante da insegurança e das incertezas, cegam-se. Talvez nos encontremos no estado de cegueira, ainda que nossos olhos vejam. “O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos” (p. 131).


Se o medo caminha de par com a insegurança, ele também é irmão da necessidade. Os homens e mulheres estão dispostos a ceder devido ao medo, mas também porque precisam de segurança. O domínio não se explica apenas pela capacidade de coerção, mas também pela inculcação do medo. E é sob o medo e a necessidade que os cegos internados se submetem ao grupo que passa a controlar a comida. Este funciona como o governo que impõe a ordem. Os homens e mulheres parecem incapazes, por seu egoísmo e instinto de sobrevivência, de governarem-se. Eles precisam passar pelo aprendizado da solidariedade e autonomia. Mas a situação miserável em que se encontram, sob todos os aspectos, dificulta o autogoverno e parece mais fácil, e mais prudente, submeter-se. Isto ocorre devido ao estado deplorável dos cegos. Na vida real, mesmo em situações de normalidade democrática o medo é utilizado como instrumento de persuasão.


Os que conseguem manter uma certa civilidade também se mostram apegados ao governo hierárquico, buscam a autoridade que possa ordenar o caótico em que vivem. E esta se vincula ao prestígio alcançado na sociedade. É irônico que os cegos tenham no médico de olhos a possível autoridade. “O melhor seria que o senhor doutor ficasse de responsável, sempre é médico, Um médico para que serve, sem olhos nem remédio. A mulher do médico sorriu, Acho que deves aceitar, se os mais estiverem de acordo, claro está” (p. 53).

Esta mulher é a única que vê, e isto a fará sofrer com ainda maior intensidade. Só ela verá a que ponto chegamos quando nos faltam as condições para a segurança. É como se, diante dela, estivessem nus, em todos os sentidos, e a ela fosse possível ver a essência, o que realmente somos. A mulher é a que sofre porque tem a sabedoria. O conhecimento, a consciência do real, gera sofrimento. Os que sabem estão condenados a sofrer.


Será possível a autoridade numa situação de desespero, quando a existência humana está sob xeque e a espécie é reduzida à luta pela sobrevivência? Não seria o reino da necessidade o salve-se quem puder, a guerra de todos contra todos, o homem lobo do homem?

II

No início são apenas seis cegos internados; serão dezenas em alguns dias e não se entendem. Os homens submetem as mulheres à violência animalesca dos que controlam a comida e aceitam tudo para se manterem vivos. Elas se dispõem a se sacrificar e enfrentam o moralismo inútil dos homens. No entanto, é possível vislumbrar a esperança de que os homens e mulheres cooperem, se solidarizem e, inclusive, sejam capazes de combater o medo e resistir à opressão.


Mesmo quando são isolados, os cegos parecem preferir a prisão à liberdade – desde que tenham a “segurança” de que continuarão a viver. “Bem vistas as coisas, nem se está mal de todo. Desde que a comida não venha a faltar, sem ela é que não se pode viver, é como estar num hotel. Ao contrário, que calvário seria o de um cego lá fora, na cidade, sim, que calvário” (p. 109). Nesta altura ainda há a perspectiva de que a cegueira não se generalizará, ou seja, há a ilusão de que o governo cuida deles. E se os governantes e todos os que sustentam o aparato administrativo burocrático cegarem? Metaforicamente temos aqui a expressão da dependência dos governados, sem que lhes passe pela cabeça de que eles podem governar-se. E terão que o fazer quando a situação exigir.


Mas primeiro terão que enfrentar o medo. E não é mero acaso que a única que vê, a mulher do médico, será a primeira a mostrar o caminho. A força se enfrenta com a força, só esta é capaz de derrubar o despotismo. Os que dominam pelo medo precisam experimentar do próprio veneno. É preciso que não se sintam tão seguros de que seus meios permanecem eficazes para manter o domínio. É necessário que tenham dúvidas, insegurança e medo. A violência não se aplaca com belas palavras e com a moral da paz dos cemitérios e dos conformistas. A mulher do médico mata o cego ditador com a sua tesoura. Ela sabe que era necessário e que alguém precisava fazê-lo. Eis o preço da liberdade!


É interessante o discurso governamental para justificar o enclausuramento:


“O Governo lamenta ter sido forçado a exercer energicamente o que considera ser seu direito e dever, proteger por todos os meios as populações na crise que estamos a atravessar, quando parece verificar-se algo de semelhante a um surto epidémico de cegueira, provisoriamente designado por mal-branco, e desejaria poder contar com o civismo e a colaboração de todos os cidadãos para estancar a propagação do contágio, supondo que de contágio se trata, supondo que não estamos perante uma série de coincidências por enquanto inexplicáveis. A decisão de reunir num mesmo local as pessoas afetadas, e, em local próximo, mas separado, as que com ela tiveram algum tipo de contacto, não foi tomada sem séria ponderação. O Governo está perfeitamente consciente das suas responsabilidades e espera que aqueles a quem esta mensagem se dirige assumam, como cumpridores cidadãos que devem de ser, as responsabilidades que lhes competem, pensando também que o isolamento em que agora se encontram representará, acima de quaisquer outras considerações, um ato de solidariedade para com o resto da comunidade nacional” (p. 194).


A mensagem do governo é repetida cotidianamente pelo alto-falante. Os cegos logo perceberão que foram abandonados à própria sorte. As promessas se revelam falsas. A comida se torna escassa e, por fim, não será mais entregue. Há mesmo, entre as autoridades, quem considere a perspectiva de que os cegos matem uns aos outros. Não seria esta uma cura eficaz?! Suposições e pedidos de obediência em nome da segurança geral e da nação! E os governados consentem. Eles precisam crer que há alguém que cuida deles, que existe uma “autoridade” capaz de impor a ordem ao caos.


III

Em meio ao desespero a mulher do médico representa a esperança. Ela conclui “que não tinha qualquer sentido, se o havia tido alguma vez, continuar com o fingimento de ser cega, está visto que aqui já ninguém se pode salvar, a cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança” (p. 204). Ela reconhece que é preciso resistir. A visão também tem o sentido de acreditar que a realidade pode ser transformada. Os que vêem têm a responsabilidade de contribuir para, no mínimo, acalentar os que não vêem e tentar mostrar o caminho e lhes abrir os olhos. “A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam” (p. 241) pode ser motivo de maior sofrimento, mas também expressa a possibilidade de que este cesse.


O fato de ver o grau de miserabilidade humana também nos torna capazes de reconhecer as fraquezas humanas e a sermos modestos. Os próprios cegos, ao vivenciarem as agruras decorrentes da cegueira, de terem que se virar, até do ponto de vista da higiene pessoal, passam a se conceber e aos demais de maneira mais humana, pois “quando a aflição aperta, quando o corpo se nos demanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos” (p. 243). É curioso como algumas mentes elitistas esquecem destas fraquezas animais, de como nosso organismo biológico não nos torna diferentes das espécies que se alimentam e defecam.

A mulher do médico representa a luz dos que não vêem. Não se trata do sonho vanguardista que alimenta o pesadelo de que precisamos de uma autoridade que nos ordene e a quem devamos obedecer, mas que cuidará da nossa segurança. Os cegos libertam-se do manicômio, após o incêndio deste e, como o restante da população, precisam aprender a sobreviver. O grupo que está com a mulher que vê se mantém unido. Sabe que isto ampliará as suas chances. Mas será preciso que alguém mande? Quem será o líder. Ora, pelas circunstâncias está claro que o mérito acadêmico não é o melhor critério. A mulher do médico, e não ele, é quem ancora o grupo. Isto não significa que ela se impõe como mais capaz. “Tu não estás cega, disse a rapariga dos óculos escuros, por isso tens sido a que manda e organiza, Não mando, organizo o que posso, sou, unicamente, os olhos que vocês deixaram de ter, Uma espécie de chefe natural, um rei com olhos numa terra de cegos, disse o velho da venda preta. Se assim é, então deixem-se guiar pelos meus olhos enquanto eles durarem”, disse ela (p. 245). São olhos que servem. Muito diferente dos que mandam ou que acreditam que, por ter olhos, devem ter seguidores. Estes pressupõem que a luz sempre estará apenas com eles e que, ainda que alcance os demais, será mais intensa neles.


Como compreende a mulher do médico, o ver não a torna essencialmente melhor do que os demais. Apenas amplia a sua responsabilidade e o sofrer diante do horror que vê. “É que vocês não sabem, não o podem saber, o que é ter olhos num mundo de cegos, não sou rainha, não, sou simplesmente a que nasceu para ver o horror, vocês sentem-no, eu sinto-o e vejo-o”, disse (p. 262). A visão e o sentimento do horror pode nos fazer ver quem somos. Como fala a personagem dos óculos escuros: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos” (Idem).


A leitura deste um livro ajuda a compreender melhor o que somos e o animalzinho que se esconde em nosso devaneio, egoísmo e vaidade. “É uma grande verdade a que diz que o pior cego foi aquele que não quis ver” (p. 283). Poucos vêem e muitos dos que vêem fecham os olhos e tentam apaziguar a sua consciência. Como escreve Saramago: “Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos. Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem” (p. 310) E quando verem terão atingido a lucidez. Então, a cegueira mostrará a sua verdadeira face.

__________
* SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 (310p.)
* Publicado originalmente em http://antoniozai.blog.uol.com.br/, nos dias 17, 18 e 19 de janeiro de 2007.


quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A VALE FOI ROUBADA DOS BRASILEIROS

LINK MP3 / entrevista com Dom Sinésio Bohn (bispo de Santa Cruz do Sul)

(7’36“ / 1115 MB)

YOU TUBE: A VALE FOI ROUBADA DOS BRASILEIROS

A CNBB-Sul, o CPERS/Sindicato, a CUT-RS, a Federação dos Metalúrgicos do RS e a Via Campesina promoveram coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 29, no Secretariado da CNBB-Sul. Na pauta, o Plebiscito da Companhia Vale do Rio Doce, que acontece na Semana da Pátria, de 1° a 7 de setembro, em todo o país, e a 13ª edição do Grito dos Excluídos, dia 7 de setembro.

O Plebiscito Popular abordará diversos aspectos relacionados com a boa governança do Brasil: a soberania do país, seus recursos naturais, as finanças públicas, o setor mineral, as dívidas, o papel do BNDES, o meio ambiente e a ética. Já, o 13º Grito dos Excluídos tem como lema “Isto não vale: queremos participação no destino da nação” e terá como tema central o debate sobre a Vale do Rio Doce e, em nível estadual e municipal, o foco é o desmonte do Estado provocado pelas opções políticas do Governo Yeda e do Governo Fogaça.

A coletiva contou com as presenças de Celso Woyciechowski (presidente estadual da CUT), Dom Sinésio Bohn (bispo de Santa Cruz do Sul), Milton Viário (presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS), Simone Goldschmidt (presidente do CPERS/Sindicato) e Cedenir de Oliveira (Via Campesina).

Fonte: CUT / Pastoral Operária


CUT, CPERS, VIA CAMPESINA, METALURGICOS E A CNBB JUNTOS PELO PLEBISCITO DA VALE

Plebiscito da Vale do Rio Doce


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Comitê Estadual pela Vale do Rio Doce no Rio Grande do Sul

Fones (51) 3224 22 57 / 51 99 04 09 87

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Maiores informações com Nasson Sant’ Anna ( 51 96782363)

Jornalista Responsável: Kiko Machado MTBRS 9510

Socialismo do século XXI: o que é isso?


Francisco Carlos Teixeira-

Agência Carta Maior

Depois de terem por mais de uma década os diversos países em suas mãos, de terem aplicado o receituário do FMI e do Banco Mundial –auto-reconhecidos, mais tarde, como ineficazes e insensíveis– as elites liberais, apegadas ao seu fundamentalismo de mercado, mostravam-se incapazes para alterar o quadro de miséria no continente. Mais grave ainda, muitas vezes somaram à miséria secular a desesperança, lançando ao fundo do poço o maravilhoso movimento de mobilização social que marcaram o fim da “Era das Ditaduras”.




Mural Chávez socialismo século XXI, clic para aumentar
Já Chávez, na Venezuela, inicia um rápido processo de transformação de cima para baixo, marcado por forte personalismo. Contudo, a partir de 2002 –quando do golpe dos empresários contra a “Revolução Bolivariana”– percebe a fragilidade de tais métodos e inicia um amplo movimento de organização e transformação da relação Estado/Povo, ampliando e incentivando os mecanismos de participação em direção a “un gobierno de la calle”. Aí reside a originalidade e a força da revolução em curso na Venezuela.

A maior parte dos participantes, ao final dos trabalhos do FSM aqui em Caracas, concorda em que a grande novidade no alvorecer do século XXI é a nova popularidade do socialismo. A derrubada do Muro de Berlim, em 1989, e o conseqüente fim da URSS em 1991, teriam marcado o fracasso do mais amplo experimento socialista da história. Para muitos – como os defensores do conceito do “fim da história” – teríamos chegado a um momento em que as utopias estariam se realizando no tempo presente. Ou, talvez, uma das utopias teria mostrado sua força e sua capacidade de realização das condições de bem-estar do homem: a utopia capitalista. Para estes, a junção das formas da democracia liberal/representativa e as instituições do chamado “livre mercado” teriam saído vencedoras da longa prova representada pela Guerra Fria (1947-1991) entre o capitalismo e socialismo. Alguns lembrariam que esta “guerra fria” entre utopias teria começado mesmo antes em 1917 – com a Revolução Russa – ou mesmo em 1848 – com as revoluções sociais do século XIX e a publicação, por Marx e Engels, do Manifesto Comunista.


O retorno do Socialismo

Bem ao contrário do que a avalanche (neo)liberal assegurava nos anos ’90, as “receitas” da felicidade liberal não garantiram, de forma alguma, bem-estar e segurança para milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. As décadas de ’80 e ‘90, especialmente na América Latina assistiram ao fim de inúmeras ditaduras, militares ou não, existentes no continente. Na maioria das vezes amplas coalizões de forças – formadas desde a esquerda marxista até liberais e democratas-cristãos – substituíram os regimes autoritários existentes.

Durante a longa luta pelo “retorno” do Estado de Direito, as forças populares procuraram sempre alargar, expandir ao máximo, os conceitos políticos clássicos. Assim, o próprio conceito de cidadania, chave no processo de combate das arbitrariedades e casuísmos do autoritarismo, sofreu uma transmutação fundamental. Em sua origem clássica, nos pensadores liberais dos séculos XVII e XVIII, como Locke, Jefferson e Adams – a idéia de cidadania prendia-se exclusivamente ao universo político, remetendo-se a uma série de direitos – tais como acesso ao voto, debate da taxação, respeito com as instituições da esfera privada da vida.

Assim, nas grandes coligações anti-ditatoriais dos anos ’80 e ’90 na América Latina, os grupos políticos liberais, democrata-cristãos e, mesmo, muitos dos socialistas ( perplexos em face da crise do chamado socialismo “real” ) exigiam o “retorno” – e aí já havia um tremendo equívoco! – do Estado de Direito. Para estes, tratava-se de garantir o direito de voto, a liberdade de imprensa e de organização partidária, a inviolabilidade da pessoa humana, etc...

Tal agenda era, sem qualquer dúvida, aceita pelas forças populares, mais à esquerda, e pelas grandes massas que marcharam pelas ruas de Buenos Aires, Rio de Janeiro, Santiago de Chile ou Montevideo exigindo “democracia já”. Um outro equívoco, este ainda mais dramático, insinuava-se em tais manifestações unitárias. Para as grandes massas populares, depauperadas com a crise do endividamento e o esgotamento do modelo de industrialização por substituição de exportações, a “volta” do “tal Estado de Direito” deveria representar, acima de tudo, ganhos bastante concretos, tais como empregos (de qualidade) e segurança pessoal.


Do equívoco à revolta

Mais experientes, muitas vezes sócios até a vigéssima quinta hora das ditaduras, as forças liberais assumiram – urbi et orbi na América Latina – a direção dos processos de transição. Diferentes leis de anistia, de esquecimento e de “punto final” vieram lançar uma espessa pátina, uma graxa de esquecimento, sobre os mais diferentes crimes praticados, muito especialmente a tortura e a corrupção, incluindo-se aí os mecanismos absolutamente antinacionais do endividamento de mais de uma dezena de nações. Tudo se fazia em nome da reconciliação nacional, do congraçamento e da unidade do país. “Alianças Democrática”, “Concertación” e “Frentes Populares” foram criadas visando manter as forças populares encapsuladas pelas direções políticas liberais, de fundo oligárquico, e antipopulares que regeram a América Latina antes da “Era das Ditaduras”, entre 1945 e os anos ’60, durante as ditaduras, enquanto sócios menores e emasculados, e, depois dos anos ’80, enquanto representantes da modernidade, da globalização e da irreversibilidade da organização capitalista enquanto futuro único do planeta.

Aceitava-se, por esta razão, a idéia de um “retorno” a um Estado de Direito, quando na verdade produzia-se apenas um retorno ao passado de dominação liberal-oligárquico, incluindo-se aí a reciclagem e a passagem à limpo, de inúmeros próceres das oligarquias antes decaídas. A utopia então era ter o futuro como espelho do passado, saltado o hiato da “Era das Ditaduras”.

Evidentemente, a expansão e mesmo a reinvenção do conceito de cidadania eram postas de lado. As garantias de trabalho (de qualidade), da universalização do seguro social, do direito à escola e a saúde, eram totalmente abandonados pelas novas forças majoritárias – de tipo “Centrão” - que formaram bulldozers nas assembléias nacionais que deveriam passar os países da América Latina a limpo. Em verdade, era como se fosse uma conta a ser paga: o direito à liberdade política implicava na eliminação das exigências sociais amplas das massas populares, uma dívida em muitos casos – Bolívia, Paraguai, Peru, Equador – de caráter multissecular. A população deveria contentar-se com a liberdade política, o direito – limitado por diversos fatores, entre os quais a manipulação mediática das eleições, como no caso do Brasil, Bolívia e Venezuela – de participar do processo político. As dimensões sociais que se abriam para o novo conceito de cidadania deveriam ser simplesmente abandonadas.

Ao mesmo tempo, com as novas “aberturas” da economia ao mundo globalizado, os mercados nacionais eram abarrotados de quinquilharias variadas, de bonés do NY Yankees até automóveis importados, que deveriam fazer a alegria e o contentamento das classes médias locais.


A Crise

Contudo, após mais de uma década de experimento liberal, a América Latina mantinha um triste perfil: luta contra o endividamento, falência de diversos planos de reconstrução, manutenção de graves índices de analfabetismo e de incidência de doenças. Em alguns países, como a Bolívia, Paraguai e Equador, nenhuma das estruturas coloniais de dominação, incluindo-se aí o verdadeiro sistema de apartheid existente com relação aos índios e aos mestiços, havia sido sequer tocado.

Da mesma forma, a violência urbana quotidiana e a violência política – como no Brasil, Argentina e México, mas também de forma epidêmica em El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua – flagelavam a população. Em suma, depois de terem por mais de uma década os diversos países em suas mãos, de terem aplicado o receituário do FMI e do Banco Mundial – auto-reconhecidos, mais tarde, como ineficazes e insensíveis – as elites liberais, apegadas ao seu fundamentalismo de mercado, mostravam-se incapazes para alterar o quadro de miséria no continente. Mais grave ainda, muitas vezes somaram à miséria secular a desesperança, lançando ao fundo do poço o maravilhoso movimento de mobilização social que marcaram o fim da “Era das Ditaduras”.


Um mapa do socialismo

Alguns dos instrumentos básicos da mudança, constituídos com sangue e dor sob os regimes autoritários, tais como os partidos de resistência e os sindicatos reivindicativos, deixaram-se arrastar nesta crise. Muitos ainda estavam presos à experiência do socialismo “real” – mesmo que com outro conteúdo, muitas das práticas “soviéticas” ainda eram presentes nas elites sindicais e partidárias do continente. Em outros casos, simplesmente o 1989 implicou em forte abandono da agenda transformadora, aceitando-se a posição de gerência pacífica e conciliadora do capitalismo nacional com os movimentos socais autônomos.

Em alguns países, a própria estrutura social havia mudado fortemente, com as antigas estruturas sindicais e partidárias sendo duramente atingidas. Na Bolívia, por exemplo, a histórica “Confederación Obrera Boliviana”, COB, cedia sua liderança – totalmente atingida pelo processo de mecanização da exploração mineradora - para movimentos sociais menos classistas, mais amplos, ligados às questões de cunho étnico e ecológico, como o Movimiento al Socialismo/MAS. A mesma coisa ocorre, sob nossos olhos, no Equador, onde a CONAIE assume a liderança do processo transformador do país, ultrapassando os partidos (incluindo os de esquerda) tradicionais.

Tal “holla” esquerdizante pegou de surpresa boa parte da esquerda clássica, ainda apegada a modelos de organização marxistas ou social-democratas. A composição plural e as lutas de novo tipo – envolvendo etnia, ecologia, gênero, direito ao lazer, etc... – assumiram, ao lado do viés nacionalista e antiimperialista, um papel central no processo transformador da América Latina. Contudo há ainda, na própria esquerda, os que se envergonham em falar em “imperialismo”, considerando o conceito por demais contagiado pelo leninismo (e esquecendo-se de sua genealogia liberal), além, é claro, de se exigir do novo que brota no Altiplano andino, nas periferias de Caracas, de São Paulo ou Buenos Aires, a lógica do parlamentarismo europeu.

Na verdade a diversidade é a marca dominante da “holla” esquerdista que vivemos na América Latina hoje. O Brasil de Lula e o Chile de Lagos (e Bachelet?) optaram pela gestão do conflito entre capitalismo e movimentos sociais, com ampla concordância com as orientações macroeconômicas herdadas da hegemonia liberal anterior. Nestes casos, percebe-se uma nítida perplexidade dos movimentos socais, uma perda de velocidade e uma busca, ainda incerta, de uma base conceitual que justifique a manutenção ou o rompimento do apoio a tais governos. Já Kirchner, na Argentina, recuperou a herança ideológica – e máquina partidária – do peronismo, montando um estilo próprio – marcado por certo nacionalismo, grandes arroubos e manutenção do quadro econômico e social -, sem qualquer base partidária de novo tipo ou de apoio dos movimentos sociais transformadores. Já Chávez, na Venezuela, inicia um rápido processo de transformação de cima para baixo, marcado por forte personalismo. Contudo, a partir de 2002 – quando do golpe dos empresários contra a “Revolução Bolivariana” - percebe a fragilidade de tais métodos e inicia um amplo movimento de organização e transformação da relação Estado/Povo, ampliando e incentivando os mecanismos de participação em direção a “un gobierno de la calle”. Aí reside a originalidade e a força da revolução em curso na Venezuela. Já na Bolívia e no Equador são os “movimientos” sociais – campesinos, cocaleros, ecológicos, étnicos, etc. – que impulsionam lideranças providas de forte sentimento salvacionista, de profunda honestidade pessoal e reconhecimento de uma dívida histórica. Pode ser mesmo que o novo Partido Nacionalista Peruano, com Ollanta Humala, superando suas ambigüidades e dívidas políticas iniciais, percorra o mesmo caminho.

Os socialismos são, portanto, muitos, diversos e marcados por experiências históricas bem diversas.

Trecho de la Cancion por la unidad latinoamericana






Canción por la unidad latinoamericana

(Pablo Milanés)


Bolívar lanzó una estrella
que junto a Martí brilló.
Fidel la dignificó
para andar por estas tierras


Bolívar lançou uma estrela

que junto a Martí brilhou.

Fidel a dignificou

para andar por estas terras


terça-feira, 28 de agosto de 2007

Entrevista com Adrián Padilla Fernández e Norah Gamboa Vela, professores da Universidade Simon Rodriguez e da Universidade Bolivariana

































25/8/2007



A reconstrução de um país: a realidade contemporânea da Venezuela. Entrevista especial com Adrián Padilla Fernández e Norah Gamboa Vela



O projeto bolivariano, iniciado com Simon Bolívar e retomado por Chávez, na Venezuela, tem gerado inúmeras notícias na mídia internacional. Inclui temas que vão da nacionalização do petróleo à não renovação da concessão à RCTV. Chávez é visto, pelos meios de comunicação, como um ditador, sendo quase diabolizado. No entanto, o povo, em sua maioria, o apóia veementemente. O que há de verdade e o que há de mentira nas notícias sobre a Venezuela? Essa é uma das questões que a IHU On-Line tentou desvendar na entrevista realizada, pessoalmente, com Adrián Padilla Fernández e Norah Gamboa Vela, professores da Universidade Simon Rodriguez e da Universidade Bolivariana, respectivamente.

Adrián e Norah fazem um resgate histórico da política venezuelana para que possamos entender as posições das mídias e o nível do desenvolvimento do país durante o governo Hugo Chávez. Para Adrián, “o povo só era notícia quando estava envolvido com violência, crime ou em momentos cruciais, como as eleições”. “A mídia não refletia o que realmente estava acontecendo no país”, complementa Norah.

Adrián Padilla Fernández é professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Simon Rodriguez, focando em disciplinas como Seminário avançado em jornalismo e teorias da comunicação. Por sua vez, com forte experiência em Jornalismo on-line, planejamento gráfico e redação jornalística, Norah Gamboa Vela é professora do curso de Jornalismo da Universidade Bolivariana.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como vocês analisam a relação do povo venezuelano com a mídia antes e depois de Chávez no governo do país? Como a sociedade vive com essa imagem que a mídia faz de Chávez?

Adrián Padilla Fernández – O que aparecia na mídia da Venezuela dava a impressão de que se tratava de um país com uma forte paz social. Parecia ser um país em que não estavam acontecendo problemas e os que aconteciam eram naturais, ou seja, sempre havia existido pobres e miséria e eles continuariam a existir. O povo só era notícia quando estava envolvido com violência, crime ou em momentos cruciais, como as eleições. Então, os conglomerados de comunicação e os grupos de interesses, que detinham tais meios de comunicação, queriam tirar proveito desse momento político e se aliavam aos partidos tradicionais.

Retomando a história

Em 1960, depois que caiu a ditadura do Perez Gimenez (1), que foi um governo militar que caiu por pressão popular, dos partidos políticos, durante quarenta anos quem governou o país foram dois partidos de direita. É engraçado porque na Venezuela, ninguém, até 1960, se assumia verdadeiramente como de direita. A nossa história foi desenvolvida sob uma visão liberal e inspirada na Revolução Francesa. Então, no percurso histórico, a pauta era mais liberal. Ninguém de governo se assumiu como de direita, até porque o peso do ideal e da vida do Simon Bolívar (2), chamado “O libertador” da Venezuela, era de emancipação, de liberdade. Naquele momento, não era uma referência, então, ser chamado de direita ou de esquerda. Mas foi, com certeza, um momento antiimperialista. Simon Bolívar foi contra o Império espanhol e já observava, naquele momento, a ameaça do Império Estadunidense, que estava se constituindo. Ele falava que tínhamos que ficar de olho no norte e que era para considerarmos a idéia de uma só nação, ou seja, ele falava na consolidação da Grande Colômbia, que, naquele tempo, era constituída pela Venezuela, Colômbia e Equador.

Depois que Simon Bolívar teve um problema interno, o país foi dividido e começou uma nova história. A Venezuela, em particular, sempre teve um sistema liberal. Todo mundo, inclusive os partidos a que nos referimos, falava que era democrático. Durante a ditadura, os partidos de esquerda, que eram constituídos pelo Partido Comunista e pelo Movimento de Esquerda Revolucionária, participaram dessa luta, mas foram excluídos do poder por um acordo chamado Acordo de Punto Fijo (3). O acordo dizia que o governo seria dividido entre esses dois grupos políticos apenas. A primeira coisa que fizeram foi ilegalizar os partidos de esquerda, prender os líderes e perseguir os militantes. Então, começou esse período conhecido como puntofijismo, que durou 40 anos. Os meios de comunicação estão fortemente ligados a esse processo. Os grupos de esquerda e o povo foram sempre excluídos da centralidade desses meios. Só que no processo histórico esse projeto foi se desfigurando, perdendo o sentido, se esvaziando de doutrina política. A idéia desse projeto era apenas o poder e o lucro.

Norah Gamboa Vela – Era só o poder para um pequeno grupo. A mídia não refletia o que realmente estava acontecendo no país. Havia desaparecidos, mortos, uma grande quantidade de perseguições, mas essas notícias não foram informadas pelos meios de comunicação. Era como se nada disso estivesse acontecendo. Se alguém era morto na rua, havia sido morto, pronto e acabou. Estamos falando de 40 anos de uma democracia que era mais ditadura do que outra coisa. Realmente, era a ditadura de dois partidos políticos formados pelo mesmo grupo. Essa situação persistiu até que houve uma explosão social, porque a gente já não tinha o dinheiro e a situação econômica ficou muito ruim, sobretudo para os setores pobres. 80% da população da Venezuela era muito pobre, mesmo vivendo num país rico. Perguntavam-me: “Mas vocês não têm o petróleo?”. E eu respondia: “Nós não temos o petróleo, pois ele está nas mãos de outro que não é o povo da Venezuela”. O petróleo e toda a riqueza da Venezuela estavam nas mãos de empresas estrangeiras. Nada, portanto, ficava na Venezuela.

IHU On-Line – E como o povo agora vive o desenvolvimento de uma verdadeira democracia dentro de um sistema que não deixa de ser capitalista?

Adrián Padilla Fernández – Vem acontecendo um conjunto de fatos que são inovadores em relação à política nacional e às referências que se tem da esquerda. Tanto é assim que muitos grupos e correntes políticas, que estiveram ligadas às transformações profundas e movimentos políticos bem engajados, no momento em que aparece Chávez não o acompanharam e até o olharam com receio, pelo fato de ser um militar. Nós, como povo, ficamos com um pé atrás, olhando e esperando o que aconteceria. Mas os fatos foram acontecendo e criando um referente novo. A promessa que Chávez fez no processo eleitoral foi: “Vamos refundar a pátria”. Ele prometia refazer a sociedade venezuelana, com um povo que começou a lutar pela independência com o projeto bolivariano e que de 1830 para cá tem sido traído. Então, na hora em que assume o governo, o primeiro decreto de Chávez foi a Reforma Constitucional, a fim de realmente refundar a pátria.

Chávez começou a criar todo um marco jurídico para que esta mudança fosse e seja possível. As pessoas ficavam se perguntando se era possível fazer uma revolução dentro dos parâmetros da democracia liberal, do mundo capitalista de produção. Num primeiro momento, parecia que não, mas, na medida em que os fatos iam acontecendo, parecia cada vez mais possível fazer as mudanças, mudar as regras do jogo dentro da própria dinâmica liberal. E, com isso, a mentalidade das pessoas foi mudando em relação ao presidente.

Norah Gamboa Vela – A primeira lógica dessa mudança era tentar ser um país independente. Para isso, o governo tem se apoiado muito na pequena indústria e não na grande, que era o que acontecia antes. Além disso, apóia-se em cooperativas, empresas de produção social, que são formadas por pessoas que moram em um lugar pequeno e têm um projeto produtivo. Essas empresas têm assessorias técnicas e formação. E como isso tudo começa? Com uma Reforma na Educação. Todo mundo hoje na Venezuela está estudando. Neste momento, podemos dizer que existe 0% de analfabetismo no país. Antes, o nível de analfabetismo era muito alto. Hoje, as oportunidades existem para quem quiser aproveitar e todas elas de graça. Isso está se refletindo em toda a sociedade. Todos têm um parente, um vizinho, um conhecido que está estudando. Desde os pequeninos até os velhinhos estão estudando. Antes, era muito caro estudar.

IHU On-Line – A oposição hoje continua sendo formada pelos grandes empresários da Venezuela?

Norah Gamboa Vela – São os mesmo de sempre. A oposição é formada por aqueles que antes eram os donos do país.

Adrián Padilla Fernández – Na medida em que esses 40 anos passaram, esses partidos foram perdendo sentido, mas a luta em termos de projeto político continuou. Construiu-se um projeto novo que não tinha liderança de um partido. O pessoal juntou forças políticas, alguns partidos de esquerda, expressões políticas novas, agrupamentos, comunidades e apóiam o atual projeto político na participação do povo. Até então, os partidos tradicionais tinham o controle da população e, além de fazerem fraudes, utilizavam benefícios sociais e a mídia para se manterem no poder e manter a população calma. Essa possibilidade de influenciar pessoas também foi se perdendo. No final da sua hegemonia, eles já não tinham forças para articular e, na medida em que isso foi acontecendo, os atores políticos mudaram. Os atores políticos mais dominantes serão outros, no caso Chávez. Depois que os conservadores perdem a hegemonia, aparecem, inclusive, os grupos indígenas para participar da reconstrução da Venezuela.

A presença dos indígenas na Venezuela, comparada a outros países da América Latina, não é tão grande, tão significativa, porque foram aniquilados no processo da conquista. Mas existem e são importantes. Hoje, na Venezuela, são reconhecidos 47 grupos indígenas, que têm língua e cultura própria e são considerados agentes importantes para o país. Esses agentes (indígenas, camponeses, operários etc.) aparecem nesse novo momento e com isso aparece, finalmente, a igreja, que antes era ligada aos partidos conservadores sem assumirem.

Hoje, a mídia considera como notícia denúncias de problemas sociais estruturais que antigamente não apareciam. Há miséria, problemas de segurança, tráfico, mas isso já existia. E, para mudar tudo isso, precisa ser feita uma dinâmica de transformação profunda, que passa pela educação, pela moradia, pelas condições sociais de vida das pessoas. Por exemplo, acabaremos com a criminalidade quando trabalharmos com as crianças dos bairros pobres, que provavelmente virariam criminosos no futuro. Ao atender seus problemas, muda-se toda uma realidade. Isso é uma estratégia integral para tentar transformar a sociedade. Mas, para a mídia, o que está sendo feito pelo governo não vale nada.

A mídia diz que essas mudanças não servem, pois são de baixa qualidade, uma farsa. Agora, essa mídia que antigamente era passiva em relação aos problemas sociais, é ativa e está denunciando, atenta a tudo o que acontece. Ela está "preocupada" com o que está acontecendo com o povo. Antigamente, quando isso acontecia, não existiam problemas de abastecimento nem problemas que hoje estão sendo gerados por causa das ações desses grupos empresariais.

Norah Gamboa Vela – Eles não fazem a produção que precisam fazer; pelo contrário; têm parado a produção.

Adrián Padilla Fernández – Além do mais, o povo, para comprar, tem hoje dinheiro que antes não tinha.

Norah Gamboa Vela – Porque o dinheiro que as pessoas têm nesse momento, a partir do aumento do salário mínimo e do emprego, é maior. Mas, agora que elas podem comprar, não há produtos. Essa é uma forma de sabotar o que está sendo feito no governo. Então, o governo, até agora, vem dando algumas respostas, formando mercados nos bairros. Infelizmente, com o boicote à produção de alimentos, ficou muito evidente a fraqueza do governo enquanto à distribuição de alimentos. Por isso, a solução foi criar centros de distribuição de alimentos.

Além disso, o preço dos alimentos nesses centros é regulado e, portanto, mais barato do do que nos supermercados. Na primeira fase, os centros importaram muitos produtos brasileiros. Eram acordos comerciais feitos entre a Venezuela e empresas brasileiras, e muitos disseram que o governo brasileiro estava apoiando a Venezuela, mas não é verdade, não nesse sentido. Na Venezuela, os grupos que comandavam o governo sempre incutiram a cultura de que os venezuelanos não tinham a capacidade de fazer nada, de produzir nada. Essa mentalidade é criada e mantida ainda, embora não tanto quanto antes. Quando as grandes empresas pararam de produzir, surgiram pequenas para produzir as coisas que não tinham durante a crise e com custo muito menor. Há uma quantidade de marcas novas no mercado e todas são de produção nacional. Então, é possível fazer: as pessoas só precisam de tecnologias e apoio. O comerciante não tem dinheiro para manter uma empresa se não receber apoios, taxas baixas. Esses apoios existem por parte do governo.

Adrián Padilla Fernández – Outra questão que foi incorporada na época é a questão do desenvolvimento endógeno e a questão da soberania. A soberania era vista como um tema militar, em termos de produção de território, como um problema integral, em que a alimentação é fundamental. Um povo que não é capaz de se auto-abastecer na alimentação é um povo dependente. Sendo dependente, jamais poderia ser soberano. Então, a soberania é tratada nesse sentido. Precisamos garantir a produção nacional de alimentos pelo próprio país. Nisso se trabalha, hoje em dia, com os acordos comerciais, como com o Irã. Antes, os Estados Unidos eram quase o único sócio comercial da Venezuela. Tudo era feito por eles e agora não é mais, o que gera algumas crises.

Eles dizem que a Venezuela está se armando, está entrando numa corrida armamentista, se armando com os russos, mas essas compras e acordos sempre foram feitos. Só que os únicos fornecedores, anteriormente, eram os Estados Unidos. Então, apenas mudamos o local dos contratos. Tudo começou porque esse governo tem sido pressionado. O governo e o processo bolivariano têm se radicalizado na medida em que têm sido pressionados pelos conservadores. Se eles pressionam, o governo radicaliza mais. É assim a relação com os Estados Unidos. No caso, a compra de armamento russo tem a ver com um tema: os aviões de fabricação estadunidense F16 estavam sucateados. Era, então, necessário comprar peças, trocar, e o mercado dizia que só era possível comprar novas peças nos Estados Unidos e na Espanha, que, no entanto, não quiseram vender à Venezuela. Então, a Venezuela comprou aviões dos russos. Ou seja, eles nos levaram a isso. Assim acontece internamente, como disse: quanto mais pressionam o governo, mais decisões radicais vão sendo tomadas.

As ações em relação à mídia têm sido cada vez mais radicais, pois ela tenta desmontar o projeto político bolivariano. Aí podemos pegar um referente teórico do Pierre Bourdieu (4), quando fala do capital simbólico e no caso do jornalismo seria o caso da credibilidade, pois cada vez mais esse capital simbólico da mídia tradicional tem caído mais e mais. Tanto que as pessoas comuns, e não falo em analistas e pesquisadores, pegam um jornal e falam que aquelas denúncias relacionadas ao governo devem ser mentiras, pela maneira como estão sendo trabalhadas as informações.

Norah Gamboa Vela – Um exemplo disso: estão investindo muito no transporte. O governo está fazendo uma rede ferroviária, em todo o país. Quando inauguraram um trecho dessa rede, que vai até outra cidade próxima a Caracas, que é onde nós moramos, falavam que ele não existia, que era mentira que o tinham inaugurado, que pagavam as pessoas para falar que existia um. Os jornais, a TV e algumas rádios já não têm a credibilidade que tinham. Quando fecharam a Rádio Caracas (5), ninguém acreditava nesse canal mais, apesar de ter o maior ibope. Então, quando se fala na liberdade de expressão, se fala em quê? Na liberdade de expressão de quem? Do grupo econômico, porque, na verdade, o povo comum não tem acesso à mídia.

Adrián Padilla Fernández – Em termos jurídicos, a liberdade de expressão é um direito individual das pessoas, não das corporações. Então, o direito de expressão é de quem? De um canal? De um grupo econômico? Ou das pessoas naturais? Muitas pessoas que falavam em defesa da liberdade de expressão não assistiam a esse canal.

Norah Gamboa Vela – A maioria dos estudantes universitários que saíram às ruas, querendo as universidades privadas, não sabiam o que sentiam falta do Canal Caracas. Eles não tinham a menor idéia da programação, não assistiam, mas estavam contra a liberdade de expressão. Eles têm TV por assinatura e não assistiam a esse canal, que é muito popular.

IHU On-Line – Como vocês vêem as articulações para tentar inserir a Venezuela no Mercosul e os Estados sendo, abertamente, contrários a isso?

Adrián Padilla Fernández – O caso do Mercosul é interessante para a Venezuela, pois vemos a integração como um tema importante para o desenvolvimento de todos os países participantes. Desde o começo do Governo Chávez, ele manifestou o interesse da Venezuela em fazer parte do Mercosul. Uma questão que já se discutiu no Mercosul, não só pela Venezuela, é o fato de ir além da questão comercial. O Mercosul não pode ficar tratar de um acordo comercial, mas ampliar para a integração cultural, de intercâmbio, de aprofundar o que seria uma identidade, que possui sua unidade e diversidade. No caso da América Latina, é no Mercosul que está a possibilidade de podermos nos fortalecer para poder negociar em melhores condições com outros exemplos de poder, como os Estados Unidos e a Europa. Então, nesse sentido, é importante para a Venezuela essa participação.

Só que, nos últimos tempos, apareceu com bastante força este posicionamento político, estas forças políticas, que se articulam no continente, onde, em algum momento, grupos mais conservadores de direita tentam evitar que esta integração aconteça. Há o temor de que possa vir por um outro caminho, que não o tradicional. Mas isso aparece hoje com a questão discutida no Congresso no Brasil, em que a isca foi o caso da RCTV, quando veio uma pessoa para cá criar todo um condicionamento. Já tinha um acordo, devido às reuniões que já aconteceram entre os países do Mercosul. Tudo vinha sendo feito até agora e, de repente, já não convém, tornou-se perigoso.

Existe um outro projeto também, que é a Alba – Alternativa Bolivariana para as Américas (6), que tem uma questão política, um acordo comercial, mas de solidariedade, já em prática. Esse acordo existe na Bolívia, na Nicarágua e em Cuba. São trocas comerciais justas, com apoio e solidariedade. Mas a Venezuela não quer só a Alba; também precisa do Mercosul. É importante para a Venezuela estar nele. E é importante para o Mercosul que a Venezuela esteja inserida também. É evidente que existe um jogo de interesses políticos e há grupos econômicos sem interesse que a Venezuela possa fazer parte deles. A influência que a Venezuela tem hoje no cenário internacional é muito grande, fazendo com que algumas pessoas apóiem e outras não.

IHU On-Line – Com isso, podemos dizer que Lula e Chávez estão disputando uma liderança na América Latina?

Adrián Padilla Fernández – Acho que não. Até eles falam que se olham como aliados e, como chefes de Estado e líderes políticos, se respeitam muito. Ainda não conseguiram fazer com que o Lula falasse mal do Chávez. E Chávez também fala muito bem do Lula. O Brasil é importante, mas a relação do Brasil com os demais países, hoje, está mais aberta, em termos de propostas. No caso da liderança e do projeto, poderia ter mais peso para o Chávez, mas não é isso que está em questão neste momento. Acho que esta é mais uma questão de liderança coletiva, na qual estão todos os chefes de Estado, que é a proposta que está sendo feita pela Venezuela. Deve existir a vinculação dos chefes de Estado, cada um com sua particularidade, mas com um ponto em comum, que é o continente.

IHU On-Line – Chávez prometeu cem anos de energia para o Uruguai. A Venezuela tem toda esta energia prometida?

Adrián Padilla Fernández – Tem. Em algum momento, alguém falou que o petróleo que temos é uma maldição. Mas alguém falou isso em uma época em que ele estava na mão dos Estados Unidos e de um grupo da Venezuela muito pequeno. Então, é um paradoxo, porque o petróleo é sustentação de um modelo de desenvolvimento, diante do qual nós somos contra. É um modelo de desenvolvimento industrial responsável por muitos problemas globais e ambientais que temos neste momento. A idéia é partir desta fortaleza e aproveitá-la para mudar este modelo. No caso da Venezuela, Chávez falou isso, e trata-se de uma verdade. As reservas de petróleo da Venezuela são as maiores do mundo. Se nós continuamos no mesmo nível de exploração, sem mudar nada que precisa ser mudado, em termos mecânicos, acabaria primeiro o petróleo dos países árabes. Por isso, a Venezuela é tão importante para a geopolítica internacional. Existe aí uma faixa de petróleo que, até agora, era considerada pelas empresas como um petróleo de baixa qualidade. Os Estados Unidos chegaram a falar que sequer era petróleo, e sim betume. Então, eles quiseram tomar conta da faixa, pagando um valor mínimo.

Norah Gamboa Vela – Apenas 1% da exploração ficava na Venezuela.

Adrián Padilla Fernández – Hoje em dia está demonstrado que a qualidade do petróleo é muito alta.

Norah Gamboa Vela – Desde o momento em que começou a exploração do petróleo, os presidentes entregaram a exploração aos Estados Unidos. Eram eles que decidiam, davam o quanto queriam. E isso ficou assim até agora. Então, a Venezuela pode investir em educação e saúde porque o petróleo está dando suporte. Ou seja, o dinheiro do petróleo está ficando no país. O dinheiro é do país, por que não usar? Até ontem as reservas ficavam nas mãos dos Estados Unidos, que eram os administradores. Eles entendiam que faziam um favor.


Notas:
(1) O General Marcos Pérez Gimenez foi Ministro da Defesa da Venezuela até 1952 e logo assumiu a presidência do país. Seu governo era considerado uma ditadura autoritária e personalista, que silenciou as forças da oposição, tanto de direita quanto de esquerda. Fechou os jornais que o criticaram e impôs a ditadura à TV e Rádio. Foi deposto de seu cargo em 1958.

(2) Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar Palacios y Blanco foi um militar venezuelano e líder revolucionário responsável pela independência de vários territórios da América Espanhola. Na França, participou da vida cultural e científica, travando amizade com os naturalistas e exploradores Alexander von Humboldt e Aimé Bonpland. Em 1805, no Monte Sacro, em Roma, Bolívar proclamou, diante de Simón Rodríguez e do seu amigo Francisco Rodríguez del Toro, que não descansaria enquanto não libertasse toda a América do domínio espanhol. Em 1813, liderou a invasão da Venezuela, sendo proclamado El Libertador.

(3) O Pacto de Punto Fijo (Ponto Fixo, em português) aconteceu em 1959 de uma articulação entre Rómulo Betancourt, Rafael Caldera, Jóvito Villalba. Ele asegurava a alternância no poder de três partidos vetados pela ditadura: Acción Democrática, COPEI e Unión Republicana Democrática (URD). Com isso, os partidos de esquerda foram execrados do pacto, o que gerou a perseguição dos líderes desses partidos e, depois, a luta armada, o que também desencandeou a divisão da Ação Democrática no Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR).

(4) A discussão sociológica do francês Pierre Bourdieu centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Para empreender esta tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos específicos, retirando os fatores econômicos do epicentro das análises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele como violência simbólica, no qual advoga sobre da não-arbritariedade da produção simbólica na vida social, advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que expressam por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que seria uma distinção social.

(5) Radio Caracas Televisión (RCTV) é uma rede de televisão privada venezuelana fundada em 1953. Foi a primeira emissora de televisão da Venezuela. A RCTV deixou de transmitir em sinal aberto às 23h59min do dia 27 de maio de 2007, entrando em seu lugar a TVes (Televisora Venezolana Social), ao ser negada a renovação de sua concessão de transmissão, alegando que a emissora teria participado na tentativa do golpe em 2002, fato abordado no documentário “A revolução não será televisionada”.

(6) A Alba é um modelo de integração para os povos da América Latina e Caribe, inspirado nos ensinamentos de Simón Bolívar, alternativo à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta de um mercado comum americano defendido pelos Estados Unidos, porém muito atacado pelos grupos de esquerda de toda a América Latina.

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



ZZ - ESTUDAR SEMPRE

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  • A Condição Pós-Moderna - Jean-François Lyotard
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  • Apuntes Criticos A La Economia Politica - Ernesto Che Guevara
  • As armas de ontem, por Max Marambio,
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  • Simulacro e Poder - uma análise da mídia, de Marilena Chauí (Editora Perseu Abramo, 142 páginas)
  • Soberania e autodeterminação – a luta na ONU. Discursos históricos - Che, Allende, Arafat e Chávez
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zz - Estudar Sempre/CLÁSSICOS DA HISTÓRIA, FILOSOFIA E ECONOMIA POLÍTICA

  • A Doença Infantil do Esquerdismo no Comunismo - Lênin
  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
  • A ideologia alemã - Karl Marx e Friedrich Engels
  • A República 'Comunista' Cristã dos Guaranis (1610-1768) - Clóvis Lugon
  • A Revolução antes da Revolução. As guerras camponesas na Alemanha. Revolução e contra-revolução na Alemanha - Friedrich Engels
  • A Revolução antes da Revolução. As lutas de classes na França - de 1848 a 1850. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. A Guerra Civil na França - Karl Marx
  • A Revolução Burguesa no Brasil - Florestan Fernandes
  • A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky - Lênin
  • A sagrada família - Karl Marx e Friedrich Engels
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  • As tarefas revolucionárias da juventude - Lenin, Fidel e Frei Betto
  • As três fontes - V. I. Lenin
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  • O Caminho do Poder - Karl Kautsky
  • O Marxismo e o Estado - Norberto Bobbio e outros
  • O Que Todo Revolucionário Deve Saber Sobre a Repressão - Victo Serge
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  • Que Fazer? - Lênin
  • Raízes do Brasil - Sérgio Buarque de Holanda
  • Reforma ou Revolução - Rosa Luxemburgo
  • Revolução Mexicana - antecedentes, desenvolvimento, conseqüências - Rodolfo Bórquez Bustos, Rafael Alarcón Medina, Marco Antonio Basilio Loza
  • Revolução Russa - L. Trotsky
  • Sete ensaios de interpretação da realidade peruana - José Carlos Mariátegui/ Editora Expressão Popular
  • Sobre a Ditadura do Proletariado - Étienne Balibar
  • Sobre a evolução do conceito de campesinato - Eduardo Sevilla Guzmán e Manuel González de Molina

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA

  • 1984 - George Orwell
  • A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
  • A Espera dos Bárbaros - J.M. Coetzee
  • A hora da estrela - Clarice Lispector
  • A Leste do Éden - John Steinbeck,
  • A Mãe, MÁXIMO GORKI
  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
  • Admirável Mundo Novo - ALDOUS HUXLEY
  • Ainda é Tempo de Viver - Roger Garaud
  • Aleph - Jorge Luis Borges
  • As cartas do Pe. Antônio Veira
  • As Minhas Universidades, MÁXIMO GORKI
  • Assim foi temperado o aço - Nikolai Ostrovski
  • Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez
  • Contos - Jack London
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski
  • Desonra, de John Maxwell Coetzee
  • Desça Moisés ( WILLIAM FAULKNER)
  • Don Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes
  • Dona flor e seus dois maridos, de Jorge Amado
  • Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
  • Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
  • Fausto - JOHANN WOLFGANG GOETHE
  • Ficções - Jorge Luis Borges
  • Guerra e Paz - LEON TOLSTOI
  • Incidente em Antares, de Érico Veríssimo
  • Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos
  • O Alienista - Machado de Assis
  • O amor nos tempos do cólera - Gabriel García Márquez
  • O Contrato de Casamento, de Honoré de Balzac
  • O Estrangeiro - Albert Camus
  • O homem revoltado - Albert Camus
  • O jogo da Amarelinha – Júlio Cortazar
  • O livro de Areia – Jorge Luis Borges
  • O mercador de Veneza, de William Shakespeare
  • O mito de Sísifo, de Albert Camus
  • O Nome da Rosa - Umberto Eco
  • O Processo - Franz Kafka
  • O Príncipe de Nicolau Maquiavel
  • O Senhor das Moscas, WILLIAM GOLDING
  • O Som e a Fúria (WILLIAM FAULKNER)
  • O ULTIMO LEITOR - PIGLIA, RICARDO
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  • Por Quem os Sinos Dobram - ERNEST HEMINGWAY
  • São Bernardo - Graciliano Ramos
  • Vidas secas - Graciliano Ramos
  • VINHAS DA IRA, (JOHN STEINBECK)

ZZ - Estudar Sempre/LITERATURA GUERRILHEIRA

  • A Guerra de Guerrilhas - Comandante Che Guevara
  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
  • Da guerrilha ao socialismo – a Revolução Cubana - Florestan Fernandes
  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

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  • Abordagens e concepções de território - Marcos Aurélio Saquet
  • Campesinato e territórios em disputa - Eliane Tomiasi Paulino, João Edmilson Fabrini (organizadores)
  • Cidade e Campo - relações e contradições entre urbano e rural - Maria Encarnação Beltrão Sposito e Arthur Magon Whitacker (orgs)
  • Cidades Médias - produção do espaço urbano e regional - Eliseu Savério Sposito, M. Encarnação Beltrão Sposito, Oscar Sobarzo (orgs)
  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
  • Geomorfologia - aplicações e metodologias - João Osvaldo Rodrigues Nunes e Paulo César Rocha
  • Indústria, ordenamento do território e transportes - a contribuição de André Fischer. Organizadores: Olga Lúcia Castreghini de Freitas Firkowski e Eliseu Savério Spósito
  • Questões territoriais na América Latina - Amalia Inés Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo e María Laura Silveira