sexta-feira, 11 de abril de 2008

Coerção e consenso na política







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, por Jacob Gorender








O Pensamento Revolucionário: da burguesia ao proletariado

O pensamento revolucionário burguês, a partir do século XV até o século XIX, se desdobra em ampla ediversificada frente de disciplinas, de regiões do trabalho intelectual. Na frente da Filosofia, afirma a primazia da Razão diante da Fé, o direito à dúvida metódica, à pesquisa, o afastamento de quaisquer limites de natureza sobrenatural para a esfera do conhecimento. Na frente do Direito, com o jusnaturalismo, afirma os direitos naturais do homem, que nenhuma instituição social pode retirar.

Na frente da teoria do Estado - que é explicada de várias maneiras, mas unânime na idéia de que não pode haver um Estado sobre-humano, de origem divina — o novo pensamento burguês declara que o Estado nasce da sociedade, por conseguinte, deve ter tais ou quais compromissos com a própria sociedade. Este processo discursivo vai terminar, como se sabe, na teoria do contrato social, de Rousseau, depois de passar por Locke, Spinoza, Hobbes e outros. É a afirmação, portanto, de um direito igualitário dos cidadãos, em oposição aos diretos dos estamentos e dos privilégios estamentais. Cria-se o conceito moderno de cidadão, separa-se a ordem privada da ordem pública.

No terreno da Ética, a burguesia apresenta uma nova teoria das relações sociais, justamente a ética do indivíduo, que nela tem o seu centro e soberano. Sob a nova perspectiva, os interesses individuais, ao invés de conflitantes, tendem a se complementar. Desta harmonização dos interesses individuais deveria surgir a própria harmonia social.

E finalmente a Economia Política, criada por esse pensamento revolucionário burguês. Uma teoria econômica que veio para se afirmar contra a velha ordem feudal dos privilégios, dos monopólios, dos regulamentos e das prescrições restritivas. Por isto mesmo, proclama, como a mais natural e conveniente para os homens, a liberdade da atividade econômica, a soberania do mercado, a tendência espontânea do mercado de regular os diferentes interesses individuais dos vários produtores. Para a burguesia, que então afirmava sua supremacia, os diversos tipos de coação extra-econômica já eram dispensáveis. Tanto para ela, como para a classe dos trabalhadores — os operários que já estavam nas manufaturas e iriam entrar nas fábricas com a Revolução Industrial — bastava a coação meramente econômica. O fato dos trabalhadores estarem despossuídos dos meios de produção e de subsistência os forçaria, pela própria necessidade, pelo hábito criado com o passar das gerações, pela obrigação desde a infância, a procurar as fábricas e a considerar natural a circunstância de viver de um salário. Salário que seria regulado, no final das contas, pela existência do exército industrial de reserva, combinado com a procura e a oferta de mão-de-obra no mercado.

Em face disso, o que deveria ser o Estado para a burguesia revolucionária? Um Estado liberal, apenas com a função de fazer cumprir as regras do jogo de mercado, porém não intervindo neste. Um Estado que puniria aqueles que infringissem as regras, aqueles que violassem justamente esta ordem burguesa, sinônimo de ordem pública. O Estado burguês não teria função econômica direta. Não faria como o Estado absolutista, promovendo fábricas, concedendo monopólios e privilégios.

Destoa desse pensamento, é claro, o próprio Hegel. Na sua Filosofia do Direito, o que ele apresenta é o Estado constitucional, mas não liberal, uma vez que escrevia como filósofo de um Estado ainda atrasado — naquele momento — sob o aspecto da revolução burguesa.

Estas são as frentes principais do pensamento revolucionário burguês. Talvez eu tenha omitido alguma delas, mas acredito que apresentei as mais importantes.

Em que frentes se desenvolve o pensamento revolucionário proletário no final do século XVIII — quando emerge a Revolução Francesa — e no transcurso do século XIX, chegando aos nossos dias?

Passada a fase das utopias — que constróem idealmente sociedades coletivistas autogestionárias — e entrando na obra dos fundadores do socialismo científico, de Marx e Engels, podemos observar que o pensamento do proletariado revolucionário e sua elaboração teórica se apresentarão também de maneira esquemática nos seguintes terrenos:

Em primeiro lugar, na crítica da Economia Política. Esta é a primeira frente, a principal, à qual se dedicará o grande fundador do pensamento revolucionário do proletariado: Marx, com a colaboração de Engels. Pela própria sistemática da sua concepção geral do materialismo histórico, que confere a instância fundamental ao que chamamos de fator econômico, Marx considerou que devia atacar primeiramente a Economia Política burguesa, que deveria criticá-la. Desta crítica surge o desvelamento das contradições do capitalismo, surge uma nova teoria econômica do sistema capitalista, em que se demonstra que este sistema não pertence à natureza da espécie humana, e, por conseqüência, é histórico. O capitalismo é um sistema que surge em determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas do próprio homem. Por conseguinte é transitório e deve desembocar — pelo desenvolvimento das contradições internas — na substituição por outro sistema, que seria o sistema socialista.

O pensamento do proletariado se apresenta, portanto, em primeiro lugar através da crítica da Economia Política burguesa e de uma teoria econômica oposta a ela. É a crítica principalmente de Adam Smith e de Ricardo, que vai servir de base para o desenvolvimento das teorias econômicas posteriores: Kaustsky, Rosa Luxemburg, Lenin, Hilferding, Bukharin e os contemporâneos. O pensamento econômico marxista assumiu, portanto, um lugar central na elaboração de uma concepção revolucionária do proletariado. Apoiados no terreno preparado pelo idealismo clássico alemão e já atuando como intelectuais orgânicos dentro do movimento operário, Marx e Engels puderam lançar os fundamentos da dialética materialista e de uma teoria geral da sociedade. Concepções necessárias à edificação de um pensamento revolucionário que se propunha a ganhar o aval de ciência.

No entanto, é sintomático que Marx se concentrasse nos trabalhos de Economia Política e só desenvolvesse a teoria do materialismo dialético e histórico no corpo das obras econômicas e historiográficas. Já se disse que O Capital é a Lógica de Marx. Em parte, e somente em parte, Engels procurou suprir esta lacuna. Daí que a segunda frente mais importante no desenvolvimento do pensamento do proletariado viesse a ser a teoria da revolução. É que, neste terreno, as indagações vinham com a imposição da urgência: o que era a revolução na época das contradições do capitalismo? Qual a sua trajetória previsível? Que papel teria nela o proletariado em face das outras forças sociais?

Tais indagações vão constituir tema de constante polêmica no movimento comunista até os dias de hoje.

Desdobrando-se da teoria da revolução, vem a teoria do partido revolucionário. Esta ainda não tem lugar elaborado em Marx e Engels. Mas, em seguida, com a II Internacional, assume lugar proeminente. São sobretudo os teóricos russos, com Lenin à frente, que vão erguer o corpus da teoria do partido revolucionário. Teoria que, nas suas origens, ficou marcada pelas condições peculiares da luta revolucionária na Rússia czarista e, mais tarde, da construção do socialismo na União Soviética.

A teoria do Estado se segue em ordem de importância no pensamento revolucionário do proletariado. Contudo, não podemos deixar de concordar com Norberto Bobbio que esta é uma frente insuficientemente abordada e menos avançada do que as outras. A tal ponto que, ainda segundo Bobbio, não existiria uma teoria do Estado no universo marxista.

Mas o próprio pensador italiano reconhece que se Marx não se dedicou à teoria política com tanto afinco quanto à teoria econômica, o que nos legou já é suficiente para lhe dar um lugar eminente, o lugar de um verdadeiro marco na evolução das idéias políticas. Pois é de Marx a tese de que o Estado não é uma instituição para o bem comum, acima das classes sociais, conforme idéia generalizada no pensamento político anterior. Marx foi o primeiro a declarar que o Estado é o Estado de uma classe particular. Esta ligação orgânica do Estado com uma determinada classe, com a classe dominante, é essencial no pensamentopolítico marxista, é a contribuição específica mais importante de Marx. O fundador do socialismo científico inverte a relação de Hegel, de Estado-sociedade civil, do Estado criador da sociedade civil, para a sociedade civil-Estado. A sociedade civil, como o reino em que os indivíduos realizam suas necessidades materiais, suas necessidades econômicas, é que será a criadora do Estado, a base do Estado. No entanto, Marx, como Engels, assim como Lenin, irão dar ênfase sobretudo ao Estado como instrumento de coerção — o Estado é a coerção legítima. Daí poder funcionar como regulador dos conflitos sociais entre as várias classes, porém como um regulador que age de maneira a preservar a ordem existente e o modo de produção em vigência, assim como a formação social que confere supremacia à classe dominante. No caso, a classe dominante burguesa.

Mesmo liberal, este Estado não se ausenta da vida econômica. Sua ausência é uma ilusão ideológica, pois o Estado liberal intervém na ordem econômica ainda que evite a gestão direta de empresas.

Marx dá novo sentido à palavra ditadura, ao falar em ditadura de classe. Originalmente, o termo ditadura vem da antiga Roma, designando um governo necessariamente provisório, admitido em situações conflitivas, convulsivas, que deveria pôr ordem na vida pública, mas por um prazo determinado, retirando-se em seguida. O termo foi adotado na literatura política, com esta acepção de transitoriedade, até Marx. Para Marx, ditadura de classe será sinônimo de dominação de classe, designando uma situação duradoura.

Por que a classe dominante exerce dominação de maneira discricionária, como uma ditadura? Porque ela faz o que lhe interessa e para isso não há limite real na lei. As leis obedecem aos interesses da classe dominante e se violam também no interesse da classe dominante. Mas a ditadura, por sua vez, pode ser exercida sob diferentes formas políticas. No caso da burguesia, tanto se exerce sob a forma de um regime plenamente discricionário, como através da república democrática, através de governos representativos e que, na linguagem usual, seriam aparentemente o oposto da ditadura.

Em virtude de semelhante ambigüidade, o termo ditadura dá origem a numerosas confusões. O fato de, na linguagem mais usual, nós só o empregarmos como expressivo de governos discricionários, não nos permite compreender que, na terminologia de Marx, ele tem sentido de discricionário para a dominação burguesa geral, não se restringindo à forma que esta assume nos governos autoritários. A ditadura de classe pode se apresentar também sob a forma de governos parlamentares representativos e constitucionais, obedientes à legalidade.

Com relação ao novo Estado socialista, a teoria política foi pouco elaborada, tanto por Marx e Engels, como por Lenin. Salienta-se, aí, a idéia da destruição do aparelho do Estado burguês, e a sua substituição por um novo aparelho de Estado. Em seguida a idéia de deperecimento do Estado, ou seja, da sua extinção gradual. O que significa, de um lado, a recusa da concepção reformista de que o Estado burguês pudesse adaptar-se às necessidades da futura dominação do proletariado. E, por outro lado, a recusa do princípio do anarquismo, segundo o qual o Estado deve ser extinto de uma vez de maneira imediata, assim que for derrubada a burguesia. Segundo os teóricos marxistas, sendo a revolução um ato autoritário por excelência, o proletariado, que se apossa do poder, não dispensará o Estado como instrumento de afirmação desse mesmo poder. O proletariado tem necessidade do Estado, o qual não pode desaparecer exatamente no momento da revolução. Trata-se de um novo tipo de Estado, que necessariamente deve atravessar uma transição: a da extinção gradual. Talvez pela previsão de que o Estado do proletariado fosse necessário, mas transitório, destinado a se extinguir, é que não se teorizasse sobre o que seria este Estado.

Esta seria uma razão de ordem teórica. Existem também motivos de ordem histórica, pela forma como ocorreram as revoluções, primeiro na URSS, depois em outros países do Leste Europeu, na China, em Cuba etc. Neste ponto, eu dou razão a Norberto Bobbio. O que aconteceu, na realidade, em todos esses países, é que o Estado, ao invés de realizar um processo de deperecimento, iniciou um processo de expansão. Porque, ao contrário do previsto por Marx e Engels, o Estado assumiu os bens de produção em nome da sociedade. Com isso, adquiriu um poder que nunca teve antes em nenhuma sociedade burguesa. O Estado se expandiu mais do que se poderia prever. O processo de sua extinção não se iniciou ainda em nenhuma sociedade do chamado socialismo real e uma teorização a respeito ainda está por ser feita.

continua........


Jacob Gorender é jornalista, historiador autodidata e professor-visitante do

IEA em 1989.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Estudantes intensificam ocupação da reitoria da UnB







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por jpereira
Última modificação 07/04/2008 18:53 - Agência Brasil de Fato

Manifestantes afirmam que a universidade não apresentou uma contraproposta “concreta” à pauta de quase 20 pontos reivindicada pelo protesto

Manifestantes afirmam que a universidade não apresentou uma contraproposta “concreta” à pauta de quase 20 pontos reivindicada pelo protesto

07/04/2008


da Redação


Já são 1.300 os estudantes que ocupam todo o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB). A Polícia Federal havia dado um prazo para os manifestantes deixarem o local, até as 15 horas desta segunda-feira (7). Mas, em vez de abandonar a reitoria, os estudantes decidiram intensificar a mobilização. No início da ação, quinta-feira (3), eram apenas cerca de 200 estudantes.

Apesar de a Justiça ter concedido a reintegração de posse do edifício, a Polícia Federal preferiu cortar o fornecimento de energia e água a entrar no prédio. Entre as reivindicações dos estudantes está a saída do reitor, Timothy Mulholland – envolvido no uso de um cartão corporativo para “aparelhamento” de seu próprio apartamento –, e do vice-reitor, Edgar Mamiya, a dissolução do conselho da Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a convocação de novas eleições diretas e paritárias.

Os manifestantes afirmam que a UnB não apresentou uma contraproposta “concreta” à pauta de quase 20 pontos reivindicada. Segundo Carla Gamba, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a instituição apresentou apenas um termo de compromisso, que estabelece que o afastamento do reitor e do vice-reitor está “fora de cogitação”, além de propostas como a discussão da paridade nas eleições e o aumento de 20% do auxílio-moradia a partir de maio.

Para o estudante do 8º semestre do curso de serviço social Fábio Félix, decisões tomadas pela administração da UnB, como o corte do fornecimento de água e energia elétrica aos estudantes por um período de 30 horas, dificultaram as negociações. “Em nenhuma ocupação no Brasil as administrações de universidades desligaram água e luz, que são direitos básicos e humanos”.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) divulgou nota em apoio à ocupação na UnB, assim como também o fizeram estudantes que participaram da ocupação da USP. Para acompanhar a ocupação em tempor real, os estudantes criaram um blog http://ocupacaounb.blogspot.com/ e uma Rádio Ocupação http://bill.dissonante.org:443/ocupareitoria.m3u (com Agência Brasil).


Leia abaixo a íntegra da nota da UNE:

UNE apóia estudantes da UnB! Os recentes escândalos a respeito da utilização de recursos geridos pela FINATEC, fundação de apoio vinculada à UnB, não constituem fato novo para a Universidade. Há quase 4 anos, no dia 16 de abril de 2004, era manchete do Correio Braziliense: “Relatório critica fundações da UnB: professores analisam informações repassadas pelo Ministério Público e concluem que a FINATEC, a FUBRA e a FETAC fecham contratos que não resultam em conhecimento, pesquisa e dinheiro para a instituição”.


O que são as fundações de apoio

Trata-se de fundações de direto privado que como função captar financiamento, especialmente privado, para a Instituição. O grande problema das fundações está na falta de transparência com que os recursos são geridos, uma vez que eles não têm de ser aprovados pelos Conselhos Universitários, como é o orçamento geral da Universidade. Além disso, parte significativa dos recursos não são repassados à Instituição Universitária, ficando concentrados na mão dos professores que coordenam projetos dentro dessas fundações, enquanto o restante da Universidade sofre com a falta de recursos.


Isso tem feito com que muitos professores, por vezes de dedicação exclusiva, deixem de dar aulas na graduação ou pós, para se dedicarem majoritariamente a cursos pagos e outros eventos nas fundações de apoio. Isso resulta em milhares de alunos tendo metade de suas aulas com mestrandos e não com os professores que deveriam ofertar a disciplina.


Não é à toa que a assembléia dos professores foi contrária ao afastamento do reitor: parte significativa dos docentes dessa universidade tem algum tipo de vinculação com as fundações de apoio!

Democracia já na gestão da universidade! A falta de transparência na gestão é resultado do baixo controle social. Defendemos o afastamento do atual reitor durante o período das investigações, mas entendemos que somente essa medida não é suficiente para resolver um problema que é anterior. É necessário fortalecermos o papel dos Conselhos Universitários, que foram esvaziados durante todo o período das gestões Lauro Morhy/Timothy (o mesmo grupo há 16 anos), reduzidos a meros espaços homologatórios de decisões já acordadas em reuniões fechadas.


É preciso ainda retomar o debate da paridade entre os segmentos universitários. A UnB é atualmente gerida por uma grande corporação de professores: 70% do peso de todas as instâncias de decisão, inclusive as eleições para reitor, são dos professores, ficando os 30% restantes divididos entre os estudantes e funcionários. Isso significa dizer que pouco mais de 2 mil professores tem um peso mais de 5 vezes maior do que o 26 mil estudantes!!! Que democracia é essa? O mecanismo da paridade permitiria que cada segmento tivesse igual peso: 33% para estudantes, funcionários e professores.


Para uma gestão verdadeiramente democrática a UNE defende:

Afastamento do Reitor Timothy Mulholland até o desfecho das investigações!

Paridade em todas as instâncias: Conselhos Universitários e nas Eleições para Reitor!

Transparência na gestão dos recursos: aprovação dos orçamentos das fundações pelos Conselhos Universitários! Além disso, para uma democratização geral da universidade, a UNE defende: Mais verbas para assistência estudantil: pela reforma e ampliação da Casa do Estudante! Pela ampliação, conservação e renovação do acervo da Biblioteca!

Apoiamos a ampliação dos campi da UnB para as outras cidades do DF: pelo diálogo com as comunidades, adequando os novos campi às demandas locais!

A OCUPAÇÃO DA UnB E OS FUNCIONÁRIOS




Laerte Braga





A manifestação de servidores da Universidade de Brasília defendendo a desocupação da sede da Reitoria com receio dos salários atrasarem é mero pretexto e um setor utilizado pelo reitor corrupto para tentar impedir um dos mais limpos e sérios movimentos de reação à bandalha que toma consta do chamado mundo institucional, da ordem, da lei, mas tudo deles, os donos. O mundo que chamam de real e acreditam ser o ideal. Para eles e os que deixam.



Na cidade mineira de Juiz de Fora, a campanha para a eleição do atual reitor teve caixa dois, esquemas por fora e o eleito perdeu entre os professores e estudantes. Ganhou entre os funcionários e nesse estranho sistema que dá um peso que permite a funcionários decidirem o futuro de uma universidade, virou reitor.



Um descalabro diga-se de passagem.



Participação de funcionários no processo deliberativo? Claro, mas com peso maior que estudantes e professores numa Universidade é ferir de morte o processo democrático que se presume vigente.



Foram poucos os estudantes que ocuparam a Reitoria na Universidade Brasília num primeiro momento. Foram muitos os que foram solidarizar-se com os companheiros e enfrentaram o que de pior há no esquema repressivo – seguranças.



O movimento é apartidário, volta-se contra os desmandos de um Reitor, dá continuidade a um processo de lutas que começou na USP ano passado, hoje estende-se a Universidade Federal de Minas Gerais e busca reencontrar os eixos do movimento estudantil, vanguarda na história das lutas populares no Brasil.



Há um costume que nasceu nas máfias e com as máfias. Quando um integrante de uma organização dessas cai, ou seja, é preso, ou pego em delito, a “empresa” liquida o cara, joga-o à própria sorte. “O Poderoso Chefão III” mostra quando o conselheiro vai e sugere a um mafioso preso “os velhos costumes”. No dia seguinte o mafioso aparece morto numa banheira. Cortara os pulsos.



Juiz de Fora, hoje, foi palco de uma operação que se imaginava impossível, tamanha a rede construída para proteger um prefeito corrupto. Alberto Bejani. A GLOBO na cidade em momento algum fez coro com as várias denúncias de corrupção contra o prefeito. As verbas de publicidade são astronômicas para a cidade.



Hoje jogou o prefeito às feras. Pode ser um incômodo, já não serve mais aos grandes chefões.



O JORNAL NACIONAL, editado e apresentado pelo “general” William Bonner (chefe das forças armadas globais na guerra “decretada pela GLOBO contra a Venezuela), aquele que considera o telespectador algo como Homer Simpson, mostrou o protesto de funcionários no esquema comoção com servidores que podem ficar sem receber (mentira), o que significa que ainda estão tentando salvar a pele do reitor.



Para a categoria de servidores públicos é vergonhoso o protesto em Brasília, é imoral, compactua com a corrupção do reitor e se permitem, os servidores da Universidade, serem usados como instrumento da corrupção.



É lógico. Servidores públicos no País têm sido tratados como marginais. O desmonte dos serviços públicos no Brasil no governo de FHC e as dificuldades enfrentadas no atual governo para recompor o que pode ser recomposto, sem falar nas incoerências muitas vezes do próprio governo Lula, tem sido objeto de luta de vários setores dos serviços públicos.



O de saúde por exemplo. Tivesse o município do Rio empregado as verbas para prevenção e combate à dengue em contratação de médicos, técnicos, o problema hoje seria menor e o número de mortos talvez fosse zero.



Não existe meio termo no caso da Universidade de Brasília. O reitor é corrupto, a corrupção está documentada, logo o reitor tem que deixar o cargo, o movimento é legítimo, limpo e de rara coragem em dias que servidores públicos se voltam contra a luta popular.



É conseqüência do peleguismo que grassa em boa parte do sindicalismo brasileiro. Ser sindicalista em muitos lugares significa ter um bom emprego e ser conivente com governos (em qualquer instância) com todo esse processo podre e corporativo que permeia o mundo institucional. Os servidores públicos municipais de Juiz de Fora que o digam.



Nas lutas populares o que é legítimo não precisa ser legal, pois o legal foi montado para que máfias como bancos, ARACRUZ, QUEIROZ GALVÃO, SAMARCO, o grande conselho FIESP/DASLU possam mandar e desmandar, montar e desmontar.



O movimento dos estudantes em Brasília tem cheiro e determinação de coragem, dignidade e bravura diante de um mundo chamado da ordem e da lei onde juízes são presos por concederem liminares para prefeitos pegarem propinas (eles também), ou vão a congressos promovidos por bancos para discutirem juros bancários.



E onde a Corte Suprema, presumivelmente de Justiça dá garantias a plantadores de arroz que invadem e ocupam terras indígenas.



Não há saída nesse mundo e a ocupação da UnB é um passo à frente na luta popular.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

“Da maior divergência sairão as melhores decisões ”, diz Raúl Castro





por jpereiraÚltima modificação 08/04/2008 12:28 - Agência Brasil de Fato

Discursos de autoridades cubanas em encontro de artistas tocam em questões polêmicas entre os cubanos e ilustram o momento político de Cuba de intenso debate político

Discursos de autoridades cubanas em encontro de artistas tocam em questões polêmicas entre os cubanos e ilustram o momento político de Cuba de intenso debate político

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08/04/2008


Gerardo Arreola
de Havana (Cuba)
La Jornada


“A dupla moral, as proibições, uma imprensa que não reflete nossa realidade como queremos, uma desigualdade indesejada, uma infra-estrutura deteriorada são as feridas da guerra, mas uma guerra que ganhamos”. Assim resumiu o vice-presidente Carlos Lage o quadro da situação social em Cuba após a crise de quase duas décadas pela queda da União Soviética.

Lage discursou para o sétimo congresso da União dos Escritores e Artistas de Cuba (Uneac), na qual o historiador Eusebio Leal disse que as recentes decisões oficiais que eliminaram proibições e promoveram mudanças na agricultura não são um assunto “cosmético”, mas sim estão tocando em questões tão profundas como “aquelas que em 1959 e, mesmo antes, minha geração viu como a mais alta aspiração: a justiça para os camponeses”.

Na sexta-feira (dia 4), o presidente Raúl Castro assistiu o fechamento da reunião da Uneac e disse que leu resumos de todas as opiniões expressadas no encontro. O Chefe de Estado manifestou que concordava com a maioria das posições, mas que também divergia de algumas outras. “Mas para isso lutamos, ou seja, para essa diversidade de opiniões. Vocês me escutaram dizer que da maior divergência vão sair as melhores decisões”, acrescentou.


Críticas e demandas

A Uneac, que reúne a cerca de 8 mil artistas, elegeu presidente para seus próximos cinco anos o ensaísta, poeta e etnólogo Miguel Barnet – especialista em relações de cultura africana na América Latina e Caribe. A imprensa estrangeira não teve acesso ao encontro, mas algumas intervenções foram difundidas integralmente, como as de Lage e Leal. As páginas dos meios locais indicam que, entre os assuntos mais debatidos, estiveram questionamentos sobre o futuro das jovens gerações, fortíssimas críticas à televisão e ao sistema educativo e demandas dos intelectuais de maiores espaços institucionais de debate e acesso a novas tecnologias.

Os discursos do vice-presidente e do historiador mostraram traços do momento que Cuba vive, marcado por um ambiente social deliberativo que ganhou força nos últimos seis meses, um reconhecimento oficial, explícito e público, de problemas internos e mudanças na política oficial que vão desde decisões administrativas e incentivos ao mercado interno até uma nova reforma agrária.

Ao citar fenômenos como a “dupla moral” – respaldar publicamente o governo e contradizer na prática privada esse discurso – e as proibições – como as recém eliminadas para os cubanos se hospedarem em hotéis de primeira categoria ou ter telefones celulares –, Lage sugeriu que esse foi o custo inevitável da crise dos anos 90.


O vice-presidente assinalou que a situação tem que ser analisada com o antecedente da década passada, “de ausência dramática de alimentos e medicamentos, de ruas desoladas, de noites escuras, de duas moedas em circulação”. Desde o colapso soviético, Cuba conseguiu sustentar um ideal de justiça "que já não era possível defender", acrescentou. "Conseguimos, para espanto de todos e inclusive nós mesmos, porque cremos no que defendemos. Porque não tememos e tivemos Fidel".


O discurso do historiador Leal foi transmitido integralmente pela televisão cubana à noite. No Congresso, o historiador foi acolhido com larga ovação e produziu um impacto que se disseminou nos dias seguintes em conversações nas ruas. Houve surpresa quando o historiador reivindicou seus filhos imigrantes. “Eu não me envergonho dos que estão fora, porque meus filhos estão fora. Jamais me envergonharei de minha condição de pai, nem os retirarei o nome de cubanos. Eles decidiram seu caminho, sempre e quando não usem armas contra a pátria que os viu nascer ou levantem sua mão contra o que lhes deu o nome”.

Durante quase três décadas, o governo cubano se manteve hostil contra os imigrantes, a quem lhes chamou de “gusanos” (tipo de vermes), sem distinguir entre quem atuava violentamente contra a ilha e o resto dos imigrantes. No final dos anos 80, o governo abriu o diálogo com alguns e, na prática, a relação ficou menos tensa com a maioria. O discurso de Leal, no entanto, chegou a um ponto nunca antes levantado publicamente por um funcionário.

Leal acrescentou que “todos estamos esperançosos” porque o país “assume que o que até ontem não foi conveniente ou prudente, hoje é necessário”. O historiador convidou os intelectuais a se prepararem para “o novo destino do país”.

-->> Veja vídeos dos discursos do encontro da Uneac

Sobre a missão médica francesa





,por FARC-EP


COMUNICADO
1- A libertação unilateral de cinco congressistas e de uma ex-candidata à vice-presidência, verificada entre Janeiro e Fevereiro, foi sobretudo um gesto de generosidade e vontade política das FARC, não de debilidade ou resultado de uma pressão, como equivocadamente assume o governo do senhor Uribe. Tais libertações obedeceram a uma decisão soberana da insurgência das FARC estimulada pelo persistente labor humanitário do Presidente Hugo Chávez e da senadora Piedad Córdoba.

2- Desde a última libertação unilateral de 27 de Fevereiro temos estado à espera do decreto presidencial ordenando a evacuação (despeje) militar de Pradera e Florida para concretizar ali, com a garantia da presença guerrilheira, o acordo de troca humanitário. Os guerriheiros presos nos cárceres da Colômbia e dos Estados Unidos são a nossa prioridade. Recusamos a qualificação manhosa do delito político que pretende impedir que os guerrilheiros saiam dos cárceres. Não estamos a reclamar de ninguém o estatuto de refugiado, utilizado como nome camuflado do desterro e da institucionalização do delito de opinião.

3- Lamentamos profundamente que enquanto propiciávamos facto palpáveis rumo à troca de prisioneiros, o Presidente Uribe planificasse e executasse o assassinato arteiro do comandante Raúl Reyes, ferindo de morte a esperança de intercâmbio humanitário e de paz. Quem ordena aos seus generais o resgate militar a sangue e fogo não quer a troca. Quem oferece milhões de dólares instando à deserção com prisioneiros, não está pelo intercâmbio. Isso é Uribe: o obstáculo principal e o inimigo número um da troca. Por isso aposta irresponsavelmente, todos os dias, no desenlace fatal.

4- Pelas mesmas razões exposta em 17 de Janeiro ao Comité Internacional da Cruz Vermelha, a missão médica francesa não é procedente e muito menos quando não é resultado da concertação, e sim da má fé de Uribe perante o governo do Eliseu, e uma burla desalmada às expectativas dos familiares dos prisioneiros. Não actuamos sob chantagens nem sob o impulso de campanhas mediáticas. Se em princípios do ano o Presidente Uribe houvesse evacuado Pradera e Florida por 45 dias, tanto Ingrid Betancur como os militares e os guerrilheiros presos já teriam recuperado sua liberdade e seria a vitória de todos.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia, 4 de Abril de 2008
O original encontra-se em www.abpnoticias.com/index.php?option=com_content&task=view&id=166&Itemid=1

Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .

terça-feira, 8 de abril de 2008

“Guerra midiática” na Venezuela






















Grupos empresários de comunicação organizam reunião em Caracas; já Hugo Chávez convoca encontro para denunciar o "terrorismo midiático", condição necessária do terrorismo militar e econômico, segundo o documento final assinado por intelectuais e jornalistas de 14 países

Grupos empresarias de comunicação organizam reunião em Caracas; já Hugo Chávez convoca encontro para denunciar o "terrorismo midiático", condição necessária do terrorismo militar e econômico, segundo o documento final assinado por intelectuais e jornalistas de 14 países

1º/04/2008

Cláudia Jardim

Correspondente do Brasil de Fato em Caracas (Venezuela)


“ Lá na praça estão os donos dos meios de comunicação dizendo que aqui não há liberdade de expressão. Realmente, eles têm razão, não há liberdade, porque nós, o povo, não temos vez nos jornais deles. Então, é a liberdade de quem que eles estão defendendo?”, o questionamento de Maritsa Carrillo marcava o tom do Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático realizado em Caracas na semana passada.


Conhecido por ter sofrido um “golpe midiático” em 2002 e por ter determinado o fim da concessão do canal de televisão privado RCTV em 2007, o governo da Venezuela promoveu o encontro para fazer frente à reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol) organização que o presidente Hugo Chávez considera como o “braço do imperialismo na comunicação”.

Os intelectuais e jornalistas de mais de 14 países que participaram do encontro utilizaram a recente crise diplomática que afetou a região andina e a “campanha em contra” do acordo humanitário na Colômbia, para denunciar que as empresas de comunicação transnacionais utilizam “informações falsas para realizarem uma agressão massiva e permanente contra os povos e governos que lutam pela paz, a justiça e a inclusão", afirmou a "Declaração de Caracas”, emitida ao final do encontro.

O documento afirma que oo terrorismo midiático é o primeiro passo e condição necessária do terrorismo militar e econômico” e responsabiliza a administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pelo o que consideram como uma sistemática agressão contra os meios de comunicação alternativos, populares e comunitários.

A Declaração aponta a SIP - que congrega os donos dos principais jornais da América Latina – e a organização Repórteres Sem Fronteiras como instrumentos de "falsificação da realidade e na difamação globalizada".

Visões antagônicas

A cobertura dos dois eventos também revelou a intensidade da guerra vivida entre Estado e meios de comunicação privados. Na tela do canal de televisão estatal – que transmitia o Encontro contra o Terrorismoo jornalista brasileiro Beto Almeida – integrante do conselho editorial do jornal Brasil de Fato – propunha a realização de uma Cúpula de Chefes de Estado para discutir o problema do “terror” das mídias. Enquanto isso, no canal privado Globovisión – encarregada da transmissão ao vivo das discussões da SIP –, o representante da Associação Nacional de Jornais se solidarizava, “em nome de todos os brasileiros” com a imprensa venezuelana.


A partir de um luxuoso hotel localizado na Praça Altamira, símbolo da oposição venezuelano, a SIP “resolve condenar as violações por parte do lado governo (Hugo) Chávez aos direitos humanos dos jornalistas, trabalhadores dos meios de comunicação e as constantes ameaças intimidantes (...) contra jornais, a radio e a televisão independentes”, indicou o organismo.


Enquanto a SIP criticava os governos de Cuba, Venezuela e México (o último pela morte de jornalistas) do lado de fora, uma manifestação com teatro de rua organizada pelo outro encontro representava “a manipulação e lavagem cerebral” promovida pelos meios de comunicação. Na representação, o prêmio “Augusto Pinochet de jornalismo independente” foi “disputado” pela CNN e Globovisíón e El Tiempo de Bogotá ficou com a condecoração de “Narcojornalismo”.

“Quando a oposição controlava a prefeitura de Caracas tentaram fechar duas vezes nosso canal, até então a única televisão comunitária da cidade. Porque a SIP nunca se pronunciou a este atentado contra a liberdade de expressão das comunidades”, argumentou o presidente da televisão comunitária Cátia Tve, Gabriel Gil.


Mas os venezuelanos afiliados à SIP tampouco saíram satisfeitos de seu encontro. Seus colegas de grêmio decidiram suavizar a referência que fazem ao governo venezuelano. Decidiram mudar o termo “regime” – utilizado pela oposição venezuelana - e voltaram a empregar a qualificação “governo” da Venezuela em suas declarações. “O cortês não elimina o valente”, justificou Danilo Arbilla, representante dos jornais do Uruguai.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

''Lula usou o sindicalismo como trampolim''







,Waldemar Rossi, coordenador da Pastoral Operária; Ex-dirigente do PT diz que objetivo sempre foi o poder e antigos companheiros mentiram para o povo

Ricardo Brandt
O governo Luiz Inácio Lula da Silva usou o sindicalismo como trampolim para o poder e hoje comanda dando migalhas ao pobre e bilhões ao capital. A crítica mordaz parte de uma figura central da história sindical do País, que foi companheiro do presidente no PT e na criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Waldemar Rossi, 74 anos de idade e 53 de militância. "É tudo uma cortina de fumaça", afirma o homem que nas décadas de 70 e 80, à frente da Oposição Sindical Metalúrgica, enfrentou um dos símbolos do peleguismo sindical, Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão - presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, durante a ditadura.

O governo Lula pode ser considerado o que mais conquistas trouxe aos trabalhadores?

Lula conseguiu usar o movimento sindical como trampolim para chegar ao poder. Desde a fundação do PT, quando ele dizia que o partido foi criado para que, chegando no Congresso, pudesse defender o direito dos trabalhadores, ele estava dizendo, em síntese, que o eixo da luta deveria ser desviado para uma luta política maior. E não através da luta dos trabalhadores, como vinha ocorrendo desde maio de 78, com a retomada do movimento sindical.

Mas não podem ser destacadas algumas conquistas?

Ele trouxe o aprofundamento das injustiças, porque ele colocou em vários postos do governo pessoas da confiança dele, subordinadas a ele. E não pessoas que estavam lá para debater o melhor para o País. Gente que ele já sabia com toda sua experiência sindical que ia se subordinar. O Lula tem esse poder mesmo, fez isso no PT, fez na CUT e está fazendo agora.

O sr. não daria ao presidente o título de governo dos trabalhadores?

Quando mandei minha carta de desfiliação ao PT eu mandei para dizer o seguinte: o Partido dos Trabalhadores transformou-se no partido do capital e por isso não estou mais nele. Ele é o partido do capital, porque dá migalhas para os trabalhadores e bilhões e bilhões para o capital. As mudanças todas que ele está fazendo, reforma da Previdência, reforma tributária, a mudança da Lei de Falências, todas favorecem o capital. É o jogo do capital, e os que estão lá fazem a mesma coisa mentindo para o povo.

A regulamentação das centrais sindicais não pode ser vista como uma conquista?

Nós formamos as centrais em 83 e 84. Ele está legalizando, mas permitindo que essas centrais tenham muito dinheiro. Então ele esvazia o poder sindical de base e fortalece as centrais, que estão todas com o capital. O salário mínimo era para atender às necessidades da família, que hoje, segundo o Dieese, é de R$ 1.934. O que faz um chefe de família com quatro pessoas que tem de pagar aluguel com R$ 415? Isso tudo é uma cortina de fumaça. Você joga com determinados dados com uma eloqüência muito grande e engana o povo.

O sr. faz críticas severas ao PT, mas foi um dos fundadores?

Não sou fundador do PT, sou fundador da CUT. Eu tinha razões de natureza política para não aderir a um partido, qualquer que fosse. Já no ano de 78 eu apontava que é preciso criar outros instrumentos de luta. Quando surge o PT, toda aquela esquerda vai para o PT porque ali surge um partido da classe operária, dos trabalhadores. Eu entrei no fim de 85, porque acreditei naquele momento que o PT podia ser o que nós chamamos de um partido estratégico, capaz de criar um projeto alternativo de sociedade para se opor ao capitalismo.

E o partido falhou nesse objetivo de fundação?

O tempo foi mostrando que os interesses daqueles que ocuparam a direção do PT e a direção da CUT não eram exatamente os mesmos que eu tinha e muitos de nós tínhamos, que era elaborar um projeto alternativo. Essa revelação se acentua com a eleição de 89. Porque, quando se forma o governo paralelo, estavam dizendo o seguinte: "o PT está descartado". E o que esse governo paralelo estava trabalhando era uma linha de chegar ao poder por um processo que não fosse conflitivo com o sistema. Portanto, descartando todo o ideal petista.

O sr. viveu essa mudança de ideal?

Em 93 eu passei a fazer parte da Executiva Estadual e do Diretório Nacional. Em 94 houve a eleição em que o Lula enfrentou o Fernando Henrique Cardoso pela primeira vez e o José Dirceu foi candidato a governador do Estado. Ele também era o presidente do partido. Ao conviver três anos na Executiva eu percebi como é que se trabalhava o jogo do poder interno. Havia três movimentos: cooptar aqueles que pensassem diferente, neutralizar ou afastar. A pá de cal foi quando, terminada a eleição, a imprensa toda publicou os gastos dos partidos. Ao publicar isso, ela revelou quanto dinheiro entrou do sistema capitalista, das grandes empresas, dos bancos. O que foi um baque para a militância do partido, não para mim. Eu já tinha evidências claras disso. O PT imitou o PSDB. Virou um partido fundamentado no neoliberalismo para chegar ao poder, como fez o PSDB.



Quem é:
Waldemar Rossi


Na década de 70 foi líder da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo

Metalúrgico aposentado, foi um dos fundadores da CUT, em 1983

Por que Zurdo?

O nome do blog foi inspirado no filme Zurdo de Carlos Salcés, uma película mexicana extraordinária.


Zurdo em espanhol que dizer: esquerda, mão esquerda.
E este blog significa uma postura alternativa as oficiais, as institucionais. Aqui postaremos diversos assuntos como política, cultura, história, filosofia, humor... relacionadas a realidades sem tergiversações como é costume na mídia tradicional.
Teremos uma postura radical diante dos fatos procurando estimular o pensamento crítico. Além da opinião, elabora-se a realidade desvendando os verdadeiros interesses que estão em disputa na sociedade.

Vos abraço com todo o fervor revolucionário

Raoul José Pinto



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  • A História me absolverá - Fidel Castro Ruz
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  • A Peste - Albert Camus
  • A Revolução do Bichos - George Orwell
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  • A montanha é algo mais que uma imensa estepe verde - Omar Cabezas
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  • EZLN – Passos de uma rebeldia - Emilio Gennari
  • Imagens da revolução – documentos políticos das organizações clandestinas de esquerda dos anos 1961-1971; Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá
  • O Diário do Che na Bolívia
  • PODER E CONTRAPODER NA AMÉRICA LATINA Autor: FLORESTAN FERNANDES
  • Rebelde – testemunho de um combatente - Fernando Vecino Alegret

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  • Cidades Médias: espaços em transição - Maria Encarnação Beltrão Spósito (org.)
  • Geografia Agrária - teoria e poder - Bernardo Mançano Fernandes, Marta Inez Medeiros Marques, Júlio César Suzuki (orgs.)
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